1º MÓDULO (o chamado de deus)
INTRODUÇÃO:
Para
compreendermos a vocação humana, não basta compreendê-la sob o enfoque espiritualista, ou seja,
se valoriza somente o chamado direto de Deus, é como se Deus aparecesse a mim,
na minha frente ou em um sonho tão somente; somente isso não é suficiente, até
mesmo porque isso poderia favorecer a passividade da pessoa frente ao
chamado. (posso me enganar, serem momentos puramente de fugas).
Por outro lado,
também não podemos colocar o enfoque
somente na compreensão humanista,
onde se valoriza apenas a auto realização do ser humano, sem considerar
o transcendente, ou seja, ser padre pode me trazer status, me colocar na mídia,
me tornar pessoa pública, “no seminário
tenho roupa lavada e comida na mesa”, etc...
Para não ficar
nos polos extremos é necessário compreender a vocação numa visão antropológica onde
acontece o diálogo entre Deus e a pessoa humana.
Enfim, podemos
chegar a seguinte conclusão: “O Pai
chama aos homens. O Filho os envia
para continuar a missão. O Espírito os
consagra para leva-la a efeito” Jo20,21.
Vamos conversar
melhor sobre isso.
1ª PARTE
EXPERIÊNCIA TRINITÁRIA
1) DEUS QUE CHAMA
“Ele nos
escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante
Dele no amor” (Efésios 1,3-5).
Deus chama quem,
como e quando quer. A vocação é a experiência, historicamente situada, que
certos homens e mulheres fizeram da iniciativa de Deus.
Fazer a
experiência deste gesto gratuito de Deus, é condição indispensável para se dar
início a um itinerário vocacional. Perceber, experimentar que Deus a quer primeiro,
torna a pessoa capaz de ser também ela gratuita, generosa e capaz de dar a
própria vida.
O chamado ressoa
no mais íntimo da pessoa. Se coloca em íntima sintonia com o mais profundo dela
mesma. Se experimenta uma “sedução” Tu me seduziste, Javé, e eu me deixei
seduzir (Jeremias 20,7)
A vocação afeta
as entranhas da pessoa, dá sentido à sua vida, dando-lhe identidade. O vocacionado
vai criando pela sua vida e pelo seu serviço uma identificação com a missão.
A atitude
fundamental da pessoa chamada-enviada, consiste na aceitação agradecida do
envio: Eis-me aqui, envia-me a mim(Isaías 6,8).
O objetivo da
vocação nunca é a própria pessoa do chamado, mas o povo a quem se destina o
envio.
Portanto,
queridos irmãos(as): 1º passo é esse:
Deus me ama e por isso me chama.
2) JESUS COMO MODELO DO HOMEM QUE RESPONDE
A revelação de
Deus com o mundo chega ao seu ápice em Jesus Cristo, o revelador por excelência
de Deus como Pai.
A vocação cristã
é compreendida como seguimento de Jesus Cristo. Para
seguir a Jesus, respondendo ao chamado de Deus, é preciso estar
profundamente entusiasmado por Ele, disposto a deixar tudo a segui-lo, sabendo
que estamos arriscando tudo, até a própria vida, “vamos também nós, para
morrermos com Ele”.(João 11,16)
O homem/mulher
que responde, coloca todo o seu dinamismo e todo o seu existir na direção da
criação e da transformação, porque a resposta dialogal do homem, só terá
sentido em termos de ação, de dinamismo criador de tudo o que o chamado de
Jesus contém.
Portanto,
queridos irmãos(as): 2º Passo: Deus me
chama porque me criou por amor a seguir Seu Filho Jesus Cristo a uma
transformação do mundo.
3)
O ESPÍRITO COMO RESPOSTA EM LIBERDADE E EM DIVERSIDADE
Só
é possível responder ao chamado de Cristo através da ação do Espírito Santo. O ser
humano para dar uma resposta livre tem necessidade constante de libertar-se de
toda escravidão, de toda opressão, para ser conduzido pelo Espírito de Deus, à
realização da vocação específica. É para a liberdade que Cristo nos
libertou. “Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao
jugo da escravidão”. (Gálatas 5,1).
A
vocação é uma resposta livre “se me abres”, “se queres”, não se buscam
escravos, mas amigos (João 15,15).
Deus quer homens
livres, que lhe sirvam livremente, com uma resposta nascida do amor. Um amor
gratuito, que não espera recompensa. Um amor ao estilo de Jesus. “Mas o mundo
saberá que amo o Pai e faço como o Pai me ordenou”. (João 14,31).
Portanto,
queridos irmãos(as): 3º Passo: Deus
chama simplesmente porque me ama, a seguir Seu Filho Jesus Cristo a uma ação e
eu preciso dar uma resposta livre a Ele, para isso o Espírito Santo me ajuda a
libertar-me de meus condicionamentos que me impedem de dar uma resposta pura e
livre a Ele. Isso vale para qualquer chamado (vocação).
2ª
PARTE
EXPERIÊNCIA DA
MISSÃO
1)
A
MISSÃO É O OBJETIVO DO CHAMADO
O Plano de Deus,
em confronto com a realidade existente, suscita vocações especiais dentro do povo,
para
ajuda-lo a libertar-se da escravidão. São as lideranças, que Puebla
chama de agentes de comunhão e participação. Para que possa haver povo são
necessárias as lideranças.
Jesus ensina que
a liderança não pode ser uma dominação, mas um serviço. (Mateus 20.25-28;
23,1-12), um serviço que faça crescer em comunhão e participação, que liberta
para a fraternidade, formando o “povo de Deus”.
Dentro do povo
surgem os vocacionados para ajuda-lo a viver a sua vocação. Na vocação
de Abraão há a vinculação com a vocação do povo. “Eu farei de ti um
grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei Teu nome; sê tu uma benção”
(Gênesis 12,2).
Moises, pela sua
liderança, Deus quer libertar o povo da escravidão do Egito e conduzi-lo para
uma terra boa e vasta, terra que “mana leite e mel”. (Êxodo 3,8).
Os Reis, em Israel, tem
a missão de dirigir o povo como delegados de Deus, para agir de acordo com a
sua vontade. Espera-se deles um cuidado especial com os desamparados: órfãos,
viúvas, estrangeiros.
Os profetas são exemplos
claros de vocações pessoais, que só se entendem à luz da vocação do povo.
Vivendo em tempos difíceis, eles são a voz que clama por conversão, por justiça
e contra a idolatria que destrói o povo.
Jesus Cristo, o grande
vocacionado da Bíblia, está sempre em relação com o Reino. A missão é um mergulhar
nas necessidades do mundo, contempla-las com o olhar de Deus: “Eu vi, eu vi a
miséria do meu povo” (Êxodo 3,7), sendo impulsionado posteriormente pelo
mandato de Deus: “vai pois e eu te enviarei” (Êxodo 3,10).
A missão
realiza-se, sobretudo, por meio de homens e mulheres que consagram a vida à
obra do Evangelho, dispostos a irem por todo o mundo levar a salvação.
Portanto,
queridos irmãos(as): Deus nos chama a
uma missão. O chamado é sempre em função do povo, de uma realidade. “Eu ouvi o
clamor do meu povo, quem vai salvá-lo?” “Vai
eu vos envio em missão...”
3ª
PARTE
A MISSÃO E O
CARISMA COMO GRAÇA DE DEUS
É
Graça de Deus, dada gratuitamente ao homem ou à comunidade para o bem comum. Queria que
todos fossem como eu; mas cada um, recebe de Deus o seu dom particular; um
deste modo; outro, daquele modo. (I Cor 2,7-17)
São Graças do
Espírito Santo que tem, direta ou indiretamente, uma utilidade eclesial,
ordenados como são à edificação vertical (dom) e uma dimensão horizontal
(serviço).
“Todos vós
conforme o dom que cada um recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros,
como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Alguém presta um serviço? Faça-o
com a capacidade que Deus lhe concedeu” (I Pd 4,10-11).
A vocação é um
serviço de atendimento às necessidades da Igreja e do mundo. As necessidades da
Igreja e do mundo se dividem em quatro grupos:
a)
Realidades materiais e humanas: (política,
vida social, economia, ciências, cultura, extrema pobreza, comunicação, etc..);
b)
Necessidades do pastoreio do povo de Deus. E a resposta a
estas necessidades é dada pela vocação sacerdotal, consagrados para pregar o
Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino;
c)
Necessidades de “ser sinal” das realidades
invisíveis do Reino de Deus. “O Reino de Deus está no meio de vós”
(Lucas 17,21). A Vida Religiosa busca ser o reflexo do Reino de Deus. Sinal de
comunhão fraterna, tendo um projeto de vida centrado no seguimento de Jesus,
com a missão de ser o revelador do amor misericordioso de Deus a toda a humanidade;
d)
Necessidades de todos se tornarem filhos de Deus, necessidade
de proclamar o Evangelho nos lugares carentes.
Portanto, queridos
irmãos(as): A missão que Deus nos confia
só se realiza plenamente a partir daquilo que nós mais nos identificamos, que
nós chamamos de dons ou carismas.
Ex: posso ter um dom ou vocação para ser um bom médico, dentista, político,
comunicador, missionário, um bom sacerdote, irmão ou irmã consagrado(a), um bom
pai ou mãe, esposo ou esposa, etc..
4ª
PARTE
EXPERIÊNCIA DE
ADESÃO
De modo geral, Deus
não nos dá os carismas com alarde ou barulho (Isaías 17-20), mas nos chama com “vozes
silenciosas” o vinde e vede (João 1,39) de Cristo aos apóstolos se torna um
processo de convivência, onde vão aos poucos descobrindo o mistério do
seguimento e conhecimento de Jesus.
O homem,
participante de uma comunidade de convocados, tem a necessidade de fazer uma opção
pessoal. É a experiência de adesão.
O homem
contempla toda a história de sua vida e assume diante dela a sua posição
definitiva. É o momento em que se verifica aquele “chamado” preciso que nós
chamamos de “vocação particular”.
Vem e segue-me (Mateus
19,21) é o convite de Jesus para uma experiência de vida com Ele. É o
conhecimento do seu projeto, que além de uma simples compreensão intelectual, é
uma adesão ao Mestre. Na comunidade de fé se vivencia o chamamento para opções
específicas, através de serviços, ministérios e carismas exercidos na Igreja e
no mundo. “Mestre onde moras? Vinde e vede e depois siga-me”
Portanto
queridos irmãos(as): O processo de
discernimento vocacional ou orientação espiritual/vocacional consiste ou
resume-se no “vinde e vede”. Sinto algum apelo que acredito que vem de Deus? Para
que? Para onde? Em que? Então faço a experiência de estar com Ele em alguma
realidade que eu acredito ser o apelo Dele, convivo, faço a experiência e
somente depois é que posso dar uma resposta a Ele, ou seja, um sim ou não.
2º MÓDULO
DISCERNIMENTO ESPIRITUAL E VOCACIONAL
Para você irmão ou irmã que está sendo
acompanhado(a) espiritual e vocacionalmente precisa levar em conta 5 pontos
essenciais que vai lhe ajudar no discernimento quanto ao chamado de Deus em sua
vida, seja para o matrimônio, Vida Religiosa Consagrada-Sacerdotal, seja para a
vida missionária:
PROJETO BATISMAL: semente da motivação pessoal(dons, carismas, convicções, mística....);
PROJETO BATISMAL: semente da motivação pessoal(dons, carismas, convicções, mística....);
EDUCAÇÃO
DA FÉ (família como primeira escola, catequese, sacramentos referências de fé
em sua vida);
ENCONTRO
COM A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: criado a imagem e semelhança de Deus;
OPÇÃO
EVANGÉLICA PELOS EMPOBRECIDOS(identificar o rosto dos pobres hoje na
sociedade);
PARTICIPAÇÃO
NA COMUNIDADE ECLESIAL( o que você faz na Igreja, que ministério, que serviço,
que pastoral, participa das missas, etc......)
PARA VOCÊ JOVEM QUE QUER “DEIXAR TUDO”
E SEGUIR JESUS CRISTO
DECISÃO VOCACIONAL
>Começando
pelos 5 itens acima;
>Descobrir
a vida como um dom de Deus;
>Valorizar
o trabalho e o estudo;
>Participar
da comunidade cristã;
>Assumir um compromisso na comunidade;
>Assumir um compromisso na comunidade;
>Aprender
a escutar os clamores dos necessitados;
>Sentir
o apelo de Deus a partir de uma vida cristã autêntica;
>Identificar
qualidades que Deus, gratuitamente lhe concedeu;
>Conhecer diferentes modos de
evangelização;
>Aprofundar o carisma com o qual mais se
identifica;
>Deixar
tudo e seguir Jesus Cristo.
EM
SÍNTESE:
É preciso ter em conta:
A situação pessoal do(a)
acompanhado(a)/vocacionado(a);
A fé do(a) acompanhado(a) /
vocacionado(a)
E o compromisso vocacional
(interesse do acompanhado(a) /vocacionado(a))
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