VIDA DE SÃO JERONIMO
EMILIANI
ORIGEM: Nascido em Veneza-Itália em 1486 de Ângelo Emiliani e Eleonora Morosini.
Família incluída entre os 500 notáveis da República de Veneza. Destacavam-se
pelo comércio da lã. Educado na fé, sobretudo pela mãe, muito religiosa que
pertencia a família com tradição eclesiástica. Orientado para os estudos.
Jerônimo deseja se afirmar na política e por isso entra na defesa da pátria em
momento de guerra e ocupa um posto importante: Castelo de Quero.
Procissão de uma Relíquia da Santa Cruz na Praça de São
Marcos, Veneza. Nesta época, São Jerônimo, com 15 anos, alistava-se no exército
da República Veneziana
FATO MARCANTE: Administrador de Castelnuovo de Quero, deve assumir o comando
na defesa contra o inimigo. A luta é árdua, resiste com seus companheiros.
Traído por um grupo de mercenário cai nas mãos do inimigo em 27 de agosto de
1511. Passa um mês acorrentado, a pão e água e sem muita esperança de resgate.
Está com 25 anos.
MARIA, MÃE DOS ÓRFÃOS: No fim do túnel surge uma esperança. Jerônimo que a muito
tempo andava afastado da prática religiosa, recorre a Maria. Lembra-se do
Santuário da “Madonna Grande de Treviso”. Reza confiante, faz promessa, decide
mudar de vida. Maria o liberta em 27 de setembro de 1511. Passa pelos soldados
inimigos e chega até o Santuário, onde deixa as correntes do cativeiro. Este
Santuário existe até hoje e conta com a presença dos Religiosos Somascos,
servos dos pobres.
VOLTA À VIDA COM OUTRO ESTILO: Continua trabalhando em Quero administrando em nome da
República de Veneza. Toma conta dos sobrinhos órfãos de pai(dois irmãos de
Jerônimo falecidos muito jovens). Frequenta a Companhia do Divino Amor, fundada
por São Caetano Thiene, movimento que se propõe a reforma do povo cristão, uma
vida de Igreja mais fiel ao Evangelho. Jerônimo frequenta as reuniões, reza
muito, reflete sobre a Palavra de Deus, participa da vida sacramental e se
orienta com um padre espiritual. Aprende a amar os irmãos, especialmente os
mais pobres, os marginalizados numa dimensão caritativa. Cresce tanto nesta
dimensão que se torna até fundador de hospitais. Faz uma caridade, também, em
nível pessoal: utilizando os bens ajuda os inúmeros pobres que chegam à sua
porta. De noite prepara o pão e de manhã o distribui.
PASSO DECISIVO: Em 1531 Jerônimo dá
um passo definitivo. Presta conta oficialmente dos bens dos sobrinhos. Deixa
seu ritmo de vida para conviver com meninos de rua. Transmite para eles a fé,
uma profissão, ensina a ler e escrever e, sobretudo abre uma nova esperança na
vida deles. Agora eles tem um pai. Atua em Veneza criando esta nova modalidade
de vida e de trabalho. São muitos os que o seguem, que acreditam no Projeto e
se unem a ele como colaboradores ou mesmo como companheiros. Surge a Companhia
dos Servos dos Pobres: uma vida inspirada nas primeiras comunidades cristãs e
que leva a um compromisso de evangelização, a partir dos pequenos, como
preferidos de Deus. Evangelizam junto a eles.
ITINERANTE: A convite do Bispo de Bérgamo sai de
Veneza. Pelo caminho, junto a um grupo de meninos, vai fundando comunidades dos
órfãos, Jerônimo é animado por um fervor espiritual muito forte e está sempre
aberto para novos desafios. A partir desse momento não para mais. Realiza
várias viagens apostólicas e caritativas: Pavia, Milão, Brescia, Como Bergamo,
Veneza, Somasca, etc.
MEIOS:
·
Palavra
de Deus
·
Exame
de Consciência
·
Devoção
Mariana
·
Sacramentos
· Nossa
Oração: que indica o objetivo
· Trabalho
·Assembleias:
organização comunitária,tarefas
· Obediência
ao Bispo
· Comunicação,
diálogo
TRIPÉ:
1-Devoção:
espiritualidade;
2-Caridade:
solidariedade;
3-Trabalho:
laboriosidade.
TESTAMENTO: Sigam o caminho do Crucificado, sirvam os pobres.
POR
QUE SOMASCOS: Os Servos dos Pobres foram
aprovados oficialmente pelo Papa Pio V
em 06 de dezembro de 1568 recebendo o nome oficial de CLÉRIGOS REGULARES
DE SOMASCA.
POR
QUE SOMASCA? Somasca, uma aldeia próxima
de Bérgamo, foi escolhida pelo próprio Jerônimo e seus companheiros para ser “O
LUGAR DE PAZ”. Era o lugar para refazer as forças, o lugar da espiritualidade.
A COMPANHIA
DOS SERVOS DOS POBRES
1)
O Projeto sobre Companhia (reflexões a
partir da II carta de São Jerônimo). “O Senhor deseja também servir-se de vocês”
Jerônimo em Somasca “viu” um “lugar de
paz”, onde os Servos dos Pobres teriam que se preparar para a missão. Para qual
missão? A resposta poderia parecer lógica: pais dos órfãos. Exato! Porém como
realizar esta paternidade? Na resposta está a originalidade do carisma de São
Jerônimo, porque se trata de um projeto que vem do Espírito Santo, de fato é um
novo carisma dado à Igreja.
“Cristo... deseja também servir-se de
vocês: aquele “também” faz ligação com o que dizia antes: “Deus se serviu de
mim, agora quer servir-se também de vocês”.
Para que? Para uma grande coisa
certamente. Esta “coisa” é a missão que se reza continuamente na “Oração Santa”
que é a “NOSSA ORAÇÃO”: que reforme toda a cristandade para aquele estado de
santidade que foi no tempo dos teus Apóstolos.
A obra que a Companhia é chamada a
realizar então seria uma “nova evangelização” para a reforma da Igreja.
“Evangelizar os pobres é a minha missão” é o caminho de Jesus que São Jerônimo
torna própria.
“Este capítulo seja secreto e não seja
lido a outros a não ser aos da Companhia dos Servos”. Este projeto deve ser
guardado como um segredo; somente os membros da Companhia podem conhecê-lo. É
como uma pérola preciosa.
São palavras dirigidas a toda nascente
Companhia do fundador. Trata-se de um projeto que vem de Deus e deverá ser
realizado. Jerônimo diz com firmeza e clareza: “então de vocês depende tudo,
porque Deus não faltará”. E conclui: “ou realizará vocês as obras ou Deus
escolherá outros...então de vocês depende tudo, pois Deus não faltará”. Sobre
estas palavras devemos refletir muito também hoje. As obras devem ser a
expressão de nossa fé.
Jerônimo, que se sente “pai” desta nova
família, deseja iluminar os discípulos para que a escolha daquele “caminho”
seja feita com convicção, convicção que se deve apoiar na Palavra de Deus, de
forma que “serão firmes findados sobre a rocha e não serão envergonhados
eternamente”.
Ao término de sua vida dirá: “sigam o
caminho do Crucificado”. Do Crucificado de fato nasceu a Igreja. A Companhia
tem como projeto o renascer da Igreja através de comunidades onde os Servos dos
Pobres evangelizarão com a própria vida junto aos “últimos”.
Quartinho onde morreu São Jerônimo
A confirmação deste caminho concreto,
isto é, de um lugar, uma casa, onde os discípulos deverão formar-se, como um
ginásio, à vida de comunhão(diríamos nós hoje) se firmará após a morte do
santo, quando os discípulos realizarão em Somasca o “lugar de paz” e dos
testemunhos que estão documentados.
2)
Os primeiros discípulos de São Jerônimo:
Padre Primo Conti não se ligou com a
Congregação através dos votos. “Mostrou no comportamento assim retratado a
imagem daquele pai, que posso afirmar, com juramento, nos muitos anos que vivi
ao seu lado nunca riu à toa, nunca disse uma palavra que não fosse honesta.
Ele mesmo dizia que se alguma coisa boa havia nele
devia à santa conversação do pai Jerônimo Emiliani, e quando falava dele,
costumava chama-lo seu mestre na vida moral e cristã”.
Entre os discípulos de Jerônimo, mais conhecidos por
letras, santidade e sangue, recorda-se Mario Lanzi, nobre de Bérgamo, Agostinho
Barili, também de Bérgamo, homem de grande abstinência, que jejuava a maior
parte das vezes com pão e água e mesmo se fosse reitor dos órfãos de São
Martinho, comia pequenos pedaços de pão que sobravam da família e isso eu ouvi
muitas vezes dizer Bernardo Barili seu sobrinho.
3)
A Companhia dos pobres de Somasca:
A Companhia dos Servos dos Pobres é apresentada no
discurso do bispo de Bérgamo, Pietro Lippomano, como um grupo de pessoas
decididas em reformar a própria vida, “orientados à perfeita caridade rumo a
Deus e à recíproca estima e ajuda entre os homens”. Jerônimo atuou neste
projeto seguindo Cristo como os apóstolos, respondendo ao convite “se quiser
ser perfeito vai, vende o que tens, dá aos pobres, depois vem e segue-me”. Com
seu exemplo induziu sacerdotes e leigos a deixar os benefícios e os bens e
entrar unindo-se com ele a Deus nas santas fatigas das obras dos órfãos.
A organização das obras previa um governo sinérgico de
consagrados e leigos, sem um superior ao qual obedecer. Jerônimo definia-se
como o primeiro pai desses pobres. As decisões acerca à vida das casas eram
delegadas ao capítulo, que se reunia a cada quatro meses. As novas ordens eram
apresentadas nos orfanatos pelos visitadores.
4)
A Companhia após a morte de Jerônimo:
(Das Constituições
das quais se serve a Congregação Somasca)
Com a morte deste servo do Senhor, que tinha sido chefe e fundamento desta Companhia, todos os irmãos, sacerdotes e leigos, permaneceram como ovelhas sem pastor(...) não sabiam o que deviam fazer: se ir adiante ou então voltar cada um ao seu primeiro instituto.
Estando nesta grande incerteza, o
favor do senhor não os abandonou, dedicando-se com fervor a oração e
recordando-se que o finado pai tinha-lhes dito que não duvidassem, mas
continuassem a empresa valorosamente.
Assim, seguros da ajuda divina e
confiando nas orações do servo de Deus, todos juntos retomaram coragem, tanto
que a Companhia crescera em número de sacerdotes e leigos que tinham entrado,
dentre os quais dois reverendos e dignos sacerdotes: o senhor Mario Lanzi, de
Bérgamo, homem de grande zelo e santa vida e o outro senhor Francisco Dalla
Mora, nobre Piemonte. De grande importância foi a participação do bispo de
Bérgamo que aprovou a Companhia em sua diocese. Com ela dava-se a faculdade de
eleger um superior (nomeação que devia ser ratificada pelo bispo), emanar
estatutos e ordenamentos, enfim continuar a obra de Jerônimo.
Feito chefe o senhor padre Agostinho,
colocaram-se à serviço dos órfãos. Muitos, porém, dos seus sacerdotes
permaneceram em Somasca, onde conduziam uma vida comum como pobres religiosos,
exercitando-se com a oração para o fervor do espírito, no exercício das
virtudes, em suma paz e tranquilidade.
Referências Bibliográficas:
Estudo
das Palavras “chave” da II Carta de São Jerônimo.(Jerônimo escreveu 6 cartas às suas
comunidades(Companhia dos Servos dos Pobres).
Cadernos
de Espiritualidade Somasca-S.Mauro Torinese, 1985
Exercício
da autoridade e obediência. Esquema para o Capítulo Formativo da Casa em
preparação ao Capítulo Geral 2008.
HISTÓRIAS
DE SÃO JERÔNIMO
A
PROVIDÊNCIA DIVINA
A mão do Senhor manifesta-se claramente em toda a
prodigiosa atividade de Jerônimo Emiliani. Mas também em outros modos é
expressa esta misteriosa presença na vida do nosso santo. Sua existência está
marcada de sinais com as características de uma particular intervenção de Deus:
memória de fatos trazida até nós pela tradição. Gestos que, para serem
compreendidos, talvez não precisem empenhar a definição de “milagres”, mas que
na certa, têm algo de prodigioso: eles são totalmente perfumes de flores:
flores de caridade que o Senhor faz desabrochar ao longo dos passos dos seus
Santos.
Um dia, em Bérgamo, pouco antes de uma refeição, foram
lhe dizer que não havia alimento suficiente para todos. Jerônimo ficou com o
coração apertado ao pensar que não poderia alimentar seus filhos. Convidou a
todos a rezar. Durante a oração, uma pessoa desconhecida deixou diante da porta
quatro grandes pães que foram levados para a mesa pelo Santo. E, por ele distribuídos,
foram suficientes para tirar a fome de 28 pessoas.
Pouco tempo depois, a mesma casa de Bérgamo veio a se
encontrar novamente nas mesmas condições. Jerônimo, de novo convidou todos a
rezar. Desta vez ninguém veio trazer pães, mas o Santo disse: vamos que Deus já
proveu para nós. Ao descerem ao refeitório, como testemunha um dos presentes, a
mesa estava preparada com pão branco, carne boa e bom vinho. Nunca ninguém
soube quem teria providenciado saciar tantas pessoas.
A
MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
Em somasca, os pequenos órfãos eram acolhidos numa
casa do vilarejo, como também em dois outros lugares na “Valleta”, lugar assim
chamado porque situado entre duas colinas, aos pés do Monte “Pizzo”, e na “Rocca”,
um antigo Castelo pouco distante de lá.
Um dia de inverno, nevou tanto que da “Valleta” e da “Rocca”
era impossível descer até Somasca para buscar alimentos. Chegada a hora do
almoço, foram dizer ao Santo que em Casa não tinha mais do que três pães e a
família era de sessenta pessoas. Como sempre, o Santo convidou à oração . Por
fim cingiu um avental, pôs dentro três pães e começou a distribui-los: foram
suficientes para satisfazer a necessidade de todos e ainda sobraram alguns
pedacinhos; todos acharam este pão tão gostoso como nunca ninguém tinha provado
igual. Pedaços daquele pão milagroso foi conservado por alguns daqueles órfãos
por mais de 25 anos sem que apodrecesse, e, dado aos doentes, realizou curas.
LOBOS EM
FUGA
Durante sua estadia em Pavia, um dia quis ir visitar a
famosa “Certosa”. Durante o caminho, como sempre, os órfãos contavam cânticos
religiosos, quando no meio da mata e de improviso apareceram dois lobos ferozes
avançando contra a comitiva. Os meninos se apertavam ao redor do...”Pai” em
busca de defesa. Ele levantou a mão sobre as duas feras. Fez o sinal da cruz e
elas fugiram no mesmo instante.
OS MILAGRES
DO VINHO
Ainda na “Certosa” de Pavia, na mesma ocasião em que
pôs em fuga dos dois lobos ferozes, depois de um tempo de adoração ao
Santíssimo Sacramento e de veneração à Santíssima Virgem, Jerônimo saindo da
Igreja, pediu aos monges a caridade de um pouco de água para os órfãos.
Trouxeram água fresca e um pouco de vinho para ele. Ele agradeceu, mas no lugar
de beber o vinho, despejou-o na água destinada aos órfãos e a água se
transformou em vinho.
Um dia tinha ido para Olginate com seus órfãos para o
ensinamento da Doutrina Cristã ao povo de lá. Quando saíram da Igreja, um homem
que tinha ouvido os ensinamentos de Jerônimo e as perguntas e respostas dos
órfãos, pensou em convidá-los para sua casa para se refazerem com um copo de
vinho. Chegados a casa, a mulher daquele homem se alterou, porque lhe pareceu
excessiva a repentina generosidade do marido, não tendo mais senão um restinho
de vinho de barril. Mesmo assim aquele bom homem pediu para que fosse até a
adega e buscasse o que restava. Não somente o vinho deu para a ocasião, mas
bastou para suprir a próxima safra.
UVA EM ABRIL
No mês de abril, num de se seus últimos anos de vida,
juntamente com seus órfãos, encontrava-se Jerônimo numa de suas viagens
apostólicas de vila em vila. Dois deles não aguentavam mais pela sede; comovido
e não vendo ao redor nenhuma fonte de água, exortou-os todos, a orarem; orou
também e pediu que entrassem em uma vinha ali por perto. Entraram e , com
grande surpresa, viram pender duma videira pencas de uva madura; todos se
refizeram da sede e, juntamente com o... “Pai” agradeceram a Divina
Providência.
A FONTE
MILAGROSA
Jerônimo estava observando quanto era difícil para os
órfãos ir várias vezes ao dia desde a “Valleta” até a “Rocca”, por um caminho íngreme,
buscar água. Cheio de confiança dirigiu-se a Deus como já Moisés tinha feito em
favor de seu povo. E eis brotar duma rocha, ali perto, água fresca que até hoje
opera milagres em prol de quem a recebe com fé.
AS CURAS
Jerônimo se
aproximava de todo enfermo com aquele espírito sobrenatural que faz reconhecer
Jesus em cada irmão sofredor. Perto do leito dos doentes sua fé se reaviva e,
com filial confiança, pedia as graças a Deus. A fim de evitar que os fatos
extraordinários que realizava, em favor dos doentes, lhe procurassem elogios
dos homens, servia-se de santa astúcia para confundir os observadores.
Carregava um vidrinho com um líquido dentro, que passava sobre chagas e
feridas. Mas era sempre o mesmo vidrinho para todas as enfermidades. Assim
logo, logo seus co-irmãos se convenceram que aquele líquido era simples água e
que Jerônimo servia-se dela para esconder sua virtude milagrosa.
Um dia, na “Valleta”, ouviu-se gritos subirem do
bosque: o Santo correu até o lugar para levar Judá caso precisasse.
Um camponês estava catando lenha e na tentativa de
rachar um tronco deixou escapar o machado que quase partiu sua perna. Jazia
assim num mar de sangue. Jerônimo o confortou, convidou-o a confiar no Senhor,
em seguida, pegou a perna juntou as duas partes abertas pelo corte e traçou
sobre elas, rezando, o sinal da cruz. Improvisamente a dor cessou e as partes
separadas cicatrizaram sem deixar sinal algum da ferida.
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