TESTEMUNHO DE VIDA

                                        Paulo o 3º da esquerda e Aluísio é o 1º da direita
NOVIÇO ALUÍSIO

APENAS TRÊS MESES  
            Caríssimo leitor, o  texto a seguir a apresenta de forma breve a experiência de um noviço  somosco.  Para sua maior compreensão, o texto divide-se em cinco pontos, precedendo de uma breve apresentação do autor.
            O Primeiro ponto descreve o que é o noviciado, quer seja do ponto de vista histórico-teológico, quer seja, do ponto de vista institucional; O Segundo ponto trata da intimidade com Deus, Uno e Trino “ Santíssima Trindade”; O Terceiro ponto trata da convivência com os padres anciãos (A tradição da congregação); O Quarto ponto aborda a experiência do apostolado; O Quinto ponto apresenta o intercâmbio de cultura e experiência com outros noviços.
             Sou Aluísio, 36 anos, nascido em Alagoas – BRASIL, graduado em filosofia pelo Seminário,  Arquidiocesano de Maceió e, em teologia pela PUC-SP.
            Como diz o título, fazem apenas três meses que estou fazendo a  experiência do noviciado na Itália, que durará  um ano, contudo, a beleza já vivida  nestes três meses deve ser transmitida
            Primeiro ponto: Que coisa é o noviciado? Do ponto de vista histórico-teológico, o noviciado tem seu início no Concílio de Trento “ O Concilio de Trento, na tentativa de reformar a Igreja, estabeleceu que a vida consagrada, mediante a profissão de conselhos evangélicos deve ser verificada através de uma  boa preparação de um ano de noviciado, considerado não só uma preparação para a vida do instituto, mas sobretudo para a vida Consagrada, vindo a coincidir consagração religiosa e incorporarão no instituto” ( JESUS M. A. Otxoa de Olano: Noviziato).

            Segundo o Código de direito Canônico, Art.2 Do noviciado e da formação dos noviços Cân. 646 - O noviciado, com o qual se começa a vida no instituto, destina-se a que os noviços conheçam melhor a vocação divina e, mais precisamente, a vocação própria do instituto, façam experiência do modo de viver do instituto, conformem com o espírito dele a mente e o coração e comprovem sua intenção e idoneidade.

            Cân. 650 - § 1. A finalidade do noviciado exige que os noviços sejam formados sob a direção do mestre, segundo as diretrizes da formação, que devem ser determinadas pelo direito próprio. Can.652§ 2. Os noviços sejam levados a cultivar as virtudes humanas e cristãs, sejam conduzidos  no caminho mais intenso da perfeição pela oração e pela renúncia de si mesmo, sejam instruídos para contemplar o mistério da salvação e para ler e meditar as Sagradas Escrituras; sejam preparados para prestar o culto divino na Sagrada liturgia, aprendam a levar em Cristo uma vida consagrada a Deus e aos homens, mediante conselhos evangélicos; sejam informados sobre a índole e o espírito do instituto.

            Do ponto de vista institucional, segundo a Constituição e Regra página 78 número 83, “O noviciado introduz o candidato  na vida da congregação, tem o dever de ajudar  o jovem a maturidade de consciência mais profunda do chamado de Deus e introduzi-lo na vida religiosa, verificando a sua   intenção e a idoneidade”. A esta definição supracitada, se ajunte, o que diz a Ratio Institutionis: “O Noviciado é a etapa fundamental do caminho formativo para conhecer e experimentar o estilo de vida proposto pela congregação através da Constituição e Regra...”.

            Segundo ponto, o mais importante, o Raportto con Dio, ou seja,o relacionamento, a intimidade com Deus. Tudo, aqui nos reporta a Deus, desde o ambiente  (a casa em sua estrutura, é realmente, um espaço de oração e espiritualidade)    o trabalho, as  atividades do dia-a-dia  nos leva para Deus, nos faz pensar em Deus.

            A estrutura do noviciado é elaborada de tal forma, que tudo deve conduzir para Deus. É dedicado o maior espaço de tempo a vida de oração. O dia inicia com a Santa Missa, depois instrução, ou formação com o maestro (mestre de noviço), o Santo Rosário, Ora média, adoração, oração pessoal, ou contemplação, véspera, completas. Com efeito o nosso dia, está voltado para Deus, ou seja,  na oração, seja no trabalho, seja na formação, em tudo que se faz!  

            Para mim está sendo uma oportunidade única, um ano em que eu posso me dedicar completamente a Deus, estabelecer uma intimidade com ELE.  Permanecei em mim, como eu em vós . Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim” ( Jo 15, 4).

             O noviciado para mim está sendo um tempo de  enamoramento  com Deus, Uno e Trino,  um tempo de deixar, que Ele, Deus, ocupe todo o meu coração e me transforme num servo bom e fiel, num operário de sua messe.
     
    Terceiro ponto, sou privilegiado, por fazer o noviciado no coração da Congregação dos padres Somascos. Aqui é a casa Madre ( casa mãe), o nome já diz tudo: mãe, aquela que ama e acolhe, em qualquer idade e em qualquer tempo. Portanto, aqui se encontram os padres anciãos, aqueles, que depois de ter gastado toda sua força, sua saúde, “ sua vida” retornam aqui, na casa mãe, para consumir em oração, os poucos dias que lhes restam.   Pode-se dizer, que estes padres anciãos, são a tradição viva da Congregação. Eles levam consigo, o valor evangélico, a sapiência  e o testemunho. São padres, que trazem em suas vidas a experiência da doação,  a marca do serviço ao pobre e abandonado, como fizera São Jeronimo, são padres  que doaram a vida pelo bem da humanidade, que foram e que são sinais da misericórdia de Deus no meio de nós. Em suma, esses padres são para nós, noviços, fontes de experiências e de valores. Eles testemunham para nós, o que é ser um padre somasco.

            Eu me encanto com a simplicidade, a humildade e o carinho que eles têm por cada um de nós. Alguns já em cadeiras de rodas, mas com o coração sereno, cheio de amor e misericórdia. Eles me ensinam como deve  ser um padre, me ensinam como devo, a cada dia buscar o Senhor, estar com a Santíssima Trindade!

            Quarto ponto, este não poderia faltar, o apostolado, ou experiência pastoral. O apostolado de São Jeronimo se perpetua em nossa ação, dia-a-dia, aqui em Somasca, existem três casas, que se chamam casas família, uma  cuida de crianças abandonadas, órfãos, outra  cuida de adolescentes, provenientes de diversos países, outra de jovens acima de 18 anos,  é nesta que eu faço a experiência do apostolado.

             É realmente,  uma coisa bela, poder estar com um grupo de jovens, transmitindo e recebendo valores, são jovens que sonham e que desejam transformar a sua história, conduzir a própria vida com dignidade, e a congregação, portanto, oferece-lhes uma oportunidade de conquistarem seus ideais.

            Estou extremamente contente de ver traduzido em nossas ações o Evangelho de Cristo.  Cada dia, quando retorno a casa, às 22h:45mn., retorno com o coração e mente cheia de amor e satisfação, por saber que  aqueles jovens estão protegidos, amparados, que eles podem dormir tranquilos. “ Pode haver satisfação maior que esta? Ter a certeza que está contribuindo para o bem da humanidade, promovendo vida e vida com dignidade? Pois bem, esta é a experiência do apostolado com os jovens. Porém, esta não é a única experiência do apostolado, às quartas-feiras, juntamente com os outros noviços e o padre mestre, faço uma experiência, com um grupo de 18 pessoas, com ADIS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). É  uma situação dolorosa, quantas vezes choro no silêncio, ou quando retorno a casa. Esse grupo de 18 pessoas, portadoras da AIDS, vivem em uma casa, sob a responsabilidade de um grupo de leigos. Muitas delas, já estão em cadeiras de rodas, outras não falam, perderam a voz, outras, são depressivas (a maioria). É  um grupo   totalmente excluído da sociedade. São pessoas consideradas, pela sociedade como lixo.   São pessoas, acima de 48 anos, que esperam a morte, que caminham para a morte lentamente. O que me chama atenção, é que todos têm famílias, porém, a família os abandonaram.

            Entre tantas realidades, que eu já presenciei, esta é a que mais me faz refletir sobre a minha existência, como também a minha fé. Enquanto cristão penso: foi exatamente para essa pessoas, que Cristo veio, “Não são os que tem saúde que precisam de médicos, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar os justos , mas os pecadores” ( Mc 2,17). Em outra passagem, se ler: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve”( MT 11, 28-30).

            Em suma, esta experiência, me faz adentrar no mistério de Cristo, que deu a sua própria vida, para que nós tivéssemos vida e vida com dignidade.

            Por fim, não menos importante, o quinto ponto. Somos cinco noviços, provenientes de diversos países ( Austrália, Estados Unidos, Itália e Brasil), isto favorece uma riqueza cultural muito grande. A   experiência que cada um trás consigo, nos dá um horizonte amplo e novo. O nosso Noviciado é uma troca de conhecimento constante e, isso tem feito com que o noviciado fosse dinâmico. 

            Soma-se a este ponto a convivência com os paroquianos, que pouco a pouco vêm se alargando e, que é positivo.

            Todavia, tem outros pontos positivos como: estarmos perto do Vaticano, possibilidade de conhecer os lugares por onde São Jeronimo andou, conhecer outra língua e etc.  Claro, que em apenas três meses não posso apresentar um retrato do noviciado de forma aprofundada, muitas coisas ainda estão avante!
NOVÍÇO PAULO










3 meses longe de "Casa" 2 meses em "Família".

 Com esta pequena frase, defino esta minha nova etapa de vida. São exatamente 3 meses longe das terras "tupi niquins" e somente agora posso perceber o quanto sou feliz por ter nascido em uma pátria grandiosa por sua diversidade cultural, surpreendente pela capacidade de festejar e atraente pela beleza natural. Quando se está fora de sua nação você começa a perceber o quanto ama sua terra e o quanto a quer bem.

Todavia estar em terras estrangeiras, conhecer outra cultura e compreender que sua família religiosa ultrapassa as fronteiras do tempo - 500 anos de missão - e do espaço - presença em todos os 5 continentes - são motivos que me fazem cada dia mais acreditar no amor e na misericórdia de Deus, na minha vida e na de  toda nossa Congregação Somasca.

Em 3 meses tive a oportunidade de vivenciar a festa de nosso fundador em sua mais antiga e longa tradição. Infelizmente este período também foi marcado pelo retorno de Pe. Carlo Lucini à casa do Pai (como nos foi recordado por nosso Prepósito General(Padre Geral): "Pe. Carlo queria muito bem os noviços". Na última semana uma intensa rotina de trabalhos no Santuário e também na Casa Madre nos ocupou. A Semana Santa nos proporcionou um momento completamente diferente no que somos habituados. Celebrar em Rito Ambrosiano é uma experiência marcante e bela, porém ao final percebemos que alguns elementos presentes no Rito Romano nos faltaram e que a beleza do mesmo é algo que passamos a apreciar ainda mais.

Entretanto nem apenas de saudades vivemos, mas também de alegrias e entusiasmo. Dois meses marcam o início de nossas vidas na Congregação "o noviciado insere o jovem na vida da congregação". Nestes dois primeiros meses,  Cristo tem nos falado cada dia através de nosso irmãos de comunidade, através das pessoas que mostram uma devoção intensa ao nosso Fundador.

A cada dia tenho mais certeza do chamado que Cristo me faz. Procurando respondê-lo com meu sim, em minhas ações e palavras. Hoje consigo entender tudo aquilo que Pe. Sergio me falava durante o postulantado, e também os conselhos que os demais religiosos ofertavam durante meus quatro anos na comunidade de Formação em Campinas.

Desejo a todos uma Feliz e Santa Páscoa, que Cristo Ressuscitado esteja sempre em vossos corações. Amanhã partiremos para Roma. Uma semana junto com os religiosos italianos para o primeiro Capitulo da Província Italiana e depois uma semana para conhecer a cidade histórica e algumas de nossas comunidades. No final andaremos à "Villa San Giovanni" para um encontro vocacional.

Contamos com as orações de vocês...

 Um grande Abraço...
Att. Paulo Cesar Sarraipa.

Nov. Somasco.
La miglior difesa di Dio e dell'uomo consiste proprio nell'amore
Giovanni Paolo II...
Pe. VICENTE(SOMASCO SERVO DOS POBRES)

VEJA AGORA MAIS UM TESTEMUNHO VOCACIONAL E DE VIDA DE UM RELIGIOSO SOMASCO QUE ESTEVE EM MISSÃO NA CIDADE DE SATUBA-AL.

DEPOIS DE ALGUNS DIAS EM MISSÃO NA CIDADE DE SATUBA-AL, JUNTO AO PADRE SÉRGIO E À COMUNIDADE PAROQUIAL DESTA CIDADE, PADRE VICENTE DÁ SEU TESTEMUNHO DE VIDA.

"Como sabemos, a Igreja não é somente o “Templo” , mas também um povo que busca Jesus Cristo na atenção pastoral com os mais necessitados. Assim também é o padre em seus sentimentos de amor e carinho pelo seu rebanho.

Dessa forma, todo cristão deve fazer acontecer o Reino de Deus, na participação às missas, na formação, animação litúrgica que o padre também propõe ao povo e isso é refletido nas celebrações alegres.

O povo também tem uma espiritualidade mariana, muita fé em Jesus Cristo e um respeito muito grande pelo sacerdote.

O religioso-padre é um verdadeiro pastor e pai que conduz o rebanho (povo de Deus) ajudando-o a crescer sempre mais na fé em Jesus Cristo.

A missão do religioso-padre é viver o evangelho de Jesus Cristo, refletida na maneira de cuidar do povo em todos os sentidos, sobretudo com paciência diante da correria diária do trabalho (estudos, preparação da formação, das missas, etc, como no contato com o povo, seja nas missas, confissões, aconselhamentos, visitas domiciliares).

A missão do consagrado é ouvir, enxergar e sentir o chamado do povo e sempre dizer sim com amor até o fim da vida". Pe. Vicente(Religioso Somasco, servo dos pobres)



CONSAGRADO PARA:................................


 
 
 
                                              
                                              TESTEMUNHO DE VIDA DO NOVIÇO DAVID  
 
                                     
                                                                            1º a esquerda
 
TESTEMUNHO VOCACIONAL
As palavras reúnem multidões e comovem, o testemunho converte
(Dom Hélder Camara)
“É de comum acordo entre teólogos e estudiosos da Sagrada Escritura, como também, entre pessoas simples que Deus age na história pessoal de cada um, realizando o seu projeto de Amor, como fizera na vida de Moisés, Abraão, Maria... Nos nossos dias não é diferente, Deus continua chamando homens e mulheres para trabalhar em sua vinha, e chama-os na sua história pessoal de vida, em outra palavras, a história de salvação passa pela história humana “minha historia é historia de salvação”.
Podemos confirmar a ação salvífica de Deus na nossa história, como também na história de outros, como a dessejovem (veja a foto), que descobriu o chamado de Deus, em sua vida, em sua história, para ser um mensageiro do Evangelho, um sinal do Amor de Deus para o mundo”. (noviço Aluísio apresentando o jovem David)
Sou David Antônio Romero, tenho 25 anos, tenho cinco irmãos, nasci em San Juan Nonualco, uma pequena Cidade, a 50km de San Salvador no pais El Salvador(Centro América).  O fato de ter nascido em uma cidade pequena, com a maioria da população católica me ajudou a formar a minha base, ou princípios cristãos, porser filho de uma cidade Latina Americana, onde o catolicismo é forte, era impossível para mim não ser católico, não ter o senso de pertença a Igreja Católica. Este momento era muito importante para mim, mas, por razão da minha pouca idade (apenas oito anos), era impossível, reconhecer, tal importância. Todavia, estava dando os primeiros passos, formando a base do que sou hoje.
Devo lembrar, que quando tinha cinco anos meu papai morreu!  Foi um momento muito difícil para mim, uma criança de apenas cinco anos, viver sem o seu papai. Meu pai era dono de um comércio,(vendia carne), depois de sua morte, minha mãe, assumiu o comércio que, antes era conduzido pelo papai, e, isto fez, com que ela ficasse todo tempo ocupada (atarefada), quando não, viajando para Os Estados Unidos, sem ter o mínimo de tempo para se dedicar a mim e aos meus irmãos.
Assim fui crescendo, no entanto nunca pensei em me envolver com coisas erradas, me envolver com o mal, (Gangues, que eram tantas na minha região.) Sempre pensei: não vou me envolver com coisas erradas, o fato de não ter meu papai, e minha mãe ser ausente, não me faz ser mal, me envolver com coisas erradas. Chegou um momento, que minha mãe, passou a morar nos Estados Unidos e, eu com meus cincos irmãos, ficamos morando sozinhos por cinco anos, meu irmão e eu cuidávamos de nossa irmã, mais nova! Pensava comigo: Vou ser um exemplo para minha irmã! Neste tempo eujánão andava mais na Igreja, gostava de estudar e jogar basquete, e por sinal, era um bom jogador.
Depois de cinco anos, voltei a morar com minha mãe nos Estados Unidos. Estava concluindo o ensino superior ( equivale, o ensino médio no Brasil,), trabalhava ( Vendia tinta para carro), vivia bem!
Pensava: Vou estudar para ser um professor nos Estados Unidos. Vou ter uma família, para dar a ela tudo aquilo, que eu não tive,dar para meus filhos coisas boas! Enquanto trabalhava, descobri, que o gerente da empresa, para a qual trabalhava, era da minha cidade e, mais, era um ex-seminarista franciscano, isso fez com que tivéssemos uma boa amizade. Eu sempre pensava em ser igual a ele: bom, inteligente, amigo, cristão, um homem de fé. Eu dizia: Devo aprender de Carlos Barraza, ele é um exemplo! Vendo seu exemplo voltei a frequentar a missa, agora com 22 anos. Sempre ia à missa na Paróquia São Cirilo de Alexandria. Nesta paróquia conheci o pároco, padre Mario Arroyo, que muito me impressionava a sua homília. Na verdade, eu só ia à missa para escutar a sua homília, de resto não me interessava muito. Todas às vezes que escutava o padre Mario pregando me lembrava do meu tempo de infância, de quando eu andava na Igreja.
Alegrava-me escutar o padre Mário, e comecei a fazer, toda semana, um encontro com o ele ( padre Mario Arroyo, é padre diocesano). Esse padre é um exemplo para mim, ele é um homem cheio de misericórdia, sempre vi nele um sinal do amor de Deus para mim.
Nesteperíodo senti fortemente o chamado de Deus e comecei a frequentar os encontros vocacionais diocesanos, em Houston,Porém não comentava com ninguém, tinha medo, que meus amigos soubesse que eu estava querendo ser padre.
Recordo, de um retiro que, aconteceu em Dallas, fui participar deste retiro com o pensamento de ser padre diocesano, chegando lá encontrei um padre Somasco, Padre Ítalo, Acompanhante vocacional de padres somascos dos Estados Unidos.
Depois de conhecer o Padre Ítalo, encontrei numa sala um livreto com a história de São Jeronimo Emiliani, li aquele livreto e fiquei emocionado, pois a sua história, era semelhante a minha, São Jerônimo ajudou as crianças, pobres e abandonados, as crianças, que não tinham pais. Fiquei curioso para saber mais sobre São Jerônimo, quem era, onde se encontram os padres pertencentes a sua Congregação( padresSomascos). Curioso para saber mais sobre os padres somascos, procurei o padre Ítalo, conversamos muito, abri o meu coração, sem medo de revelar a minha fragilidade, o padre Ítalo me acolheu, como verdadeiro pai. Voltamos a Houston juntos.
O padre Ítalo me convidou para fazer parte de um grupo que se encontrava toda semana, e se chamava “Pizza-prayer–discernment”(pizza-oração–discernimento), um encontro organizado por padre Ítalo. Neste período comecei a pensar em ser padre somasco, não me via como outra pessoa a não ser como um padre somasco.
Ate que padre Ítalo me convidou para morar com ele, fazer uma experiência em sua comunidade religiosa, aceitei e passei a fazer a experiência do aspirantado, recebi um pouco de formação, com o padre Juliano, que também ésomasco e formador, em Houston. Com a experiência na comunidade somasca, foi aumentando o desejo de ser um religioso, assim também como foi ficando claro o discernimento vocacional, já tinha eliminado o pensamento de ser padre diocesano.
Por orientação de padre Juliano deixei de trabalhar para me preparar para o noviciado. Assim me preparei bem para o noviciado, que é a etapa que estou vivendo neste momento. Sou muito feliz, por fazer este discernimento, com a iluminação do Espirito Santo. Foi aqui, no noviciado, que encontrei Aluísio, nos tornamos amigos e partilhamos a nossa história vocacional. Aluísio, acolheu minha história vocacional como um testemunho e, segundo ele deveria ser apresentado à outros jovens, quem sabe assim, possa ajudar a outros a discernir a sua vida, especialmente a vocação consagrada.
Porque eu resolvi ser somasco? São Jerônimo, ajudoutanta gente, especialmente as crianças pobres e abandonadas, foi um homem que viveu de forma autêntica o Evangelho, um homem que promoveu a vida e valores sólidos para tanta gente. Hoje, seus sucessores, os padres somascos, continuam levando avantea sua missão, continuam ajudando a tantos jovens e crianças a se encontrarem na vida.
Digo,eu poderia ser um homem mal, mas Deus me transformou, transformou a minha vida, a minha história, hoje sou um rapaz, um jovem, que escolhi viver para Deus,oferecendo-lhe minha vida e tudo que sou a Ele, a serviço dos abandonados, como fui um dia. A minha historia é semelhante à daquelas crianças, que um dia São Jerônimo cuidou, hoje sou eu que, com a benção de São Jerônimo, a forca do Espirito Santo irei ajudar as tantas crianças e jovens, que sofrem o abandono do amor e da atenção. São Jerônimo Emiliani, rogai por nós e por todas as crianças do mundo inteiro.
David Antônio Romero, tenho 25 anos(noviço somasco proveniente de El Salvador(América Central). Hoje faz a etapa do noviciado em Somasca(Itália)
 
 
 
TESTEMUNHO DE 5 JOVENS QUE LUTARAM POR UM SONHO:
IR A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
 



Acompanhe nossa saga até aqui, para irmos a Jornada Mundial da Juventude!!!

Quem como Deus? Ninguém como Deus!

"Porque, para Deus, um dia é como mil anos." ( Pd:.....)

Creio que eu e a galera do grupo Quem como Deus? Nunca viveu tão intensamente essa palavra como tem vivido esse três meses. Isso mesmo, três meses: desde fevereiro desse ano que temos lutando muito para conseguirmos chegar ao Rio de Janeiro, em Julho. Uma luta que não temos travados sozinhos e que contarei para vcs agora.
Já no Retiro de Carnaval, eu e mais quatro meninas decidimos que iríamos para a JMJ. Sabíamos que seria muita ousadia, pois havia pouco tempo. Entretanto, somos jovens: desafios e loucuras estão no nosso cotidiano. Rsrsrs. Convictos de que lutaríamos para ir a Jornada, contamos a notícia a todos que estavam no retiro e ali mesmo as pessoas começaram a nos ajudar. Gostaria de ressaltar, contudo, o apoio do nosso padre que, ao saber da notícia, mostrou total apoio e tem se mostrado disposto a nos ver no Rio. U.u! J
Logo após o retiro, começamos a vender nossas trufas. E viva as trufas! Elas têm sido nossas grandes aliadas nos últimos dias. Rsrsrsrs. Onde há um encontro, nós estamos indo vendê-las. Além de nos ajudar nas despesas, as trufas tem feito algo a mais: elas tem nos reunido sempre. Cada vez que nos juntamos para fazê-las, nós colocamos os assuntos em dia: partilhamos as dificuldades do caminho rumo ao céu, discutimos nossos sonhos, rimos de acontecimentos engraçados, falamos sobre namoro... Depois de prontas, ela não só são vendidas, como nos fazem conhecer pessoas novas e que nos dão a maior força na nossa jornada rumo a Jornada. (Filosofei, agora!)
Não demorou muito e a primeira graça chegou: uma mulher que mora no Rio de Janeiro, próximo ao local da jornada, ficou sabendo da nossa ida para lá – calma, a irmã dela que mora aqui contou a notícia – e mandou avisar que a nossa hospedagem seria por conta dela. Ó glória!
Fizemos algumas vigílias e rezamos juntos, agradecendo por cada conquista e dizendo a Deus que precisávamos de mais. Essa é a parte mais importante pessoal, a oração, pois é aí onde encontramos força para continuar e superar as dificuldades que veem de fora e de dentro, também.
Em março, foi sugerida a ideia de um show. Então, no dia 27 de abril, realizamos o I JOVEM ADORADOR, que reuniu cerca de 200 jovens e adultos numa noite de muito louvor e oração. Foi mais uma oportunidade de conhecer irmãos novos.
Até aí, nem passagens, nem inscrição. Dessa forma, a nossa preocupação aumentou.
Então, no último dia 19, fomos ao encontro de Pentecostes realizado pela nossa diocese. Levamos um cartaz com o nome do nosso grupo, o símbolo da JMJ e uma inscrição que dizia “Ajude-nos a ir para a JMJ!”. E, claro, levamos também as trufas para serem vendidas, bem como bolos e tortas. Saímos de um lado para o outro vendendo, conversando, reencontrando velhos amigos e tentando convencer as pessoas com nossa grande promoção: compre uma trufa e tire uma foto totalmente grátis! Daí o nosso álbum tá tão cheio!!!!
Depois de um tempo vendendo, nós paramos para fazer a adoração ao Santíssimo Sacramento, a Jesus, o nosso Deus. Foi aí que aconteceu a grande reviravolta: enquanto estávamos de joelhos, esticamos o cartaz diante de Jesus e começamos a pedi-lo que nos ajudasse, pois a maior ajuda, aliás, toda ajuda sempre vem dEle.
Voltamos para casa e três dias depois compramos as passagens. Os preços foram caindo, eu ainda briguei com uma integrante do grupo para não esperarmos mais, mas ela dizia: “Não! Não temos condições de pagar isso. Ainda não é pra ser.” No terceiro dia, pela manhã, apareceu uma super promoção e, com uma “ajudinha” financeira da paróquia, nós compramos as passagens. Uma vitória do Nosso Senhor Jesus.
Agora, finalzinho de maio, só temos a agradecer a Deus por ter posto tantas pessoas para nos ajudar a ir para o maior evento da Igreja Católica. Agradecemos, sobretudo, à nossa paróquia que tem nos dado a maior força e tem se alegrado com nossas conquistas até aqui. Faltam-nos as inscrições, mas isso Deus já arranjou. Só falta chegar.
Então, jovem, viu que pra Deus não há tempo curto? Se vc ainda tá com aquela vontade de ir e não teve coragem de dar um primeiro passo, a hora é agora: arregace as mangas, monte sua equipe, contate seu padre e bote a melancia na cabeça, o melão no pescoço e faça mil estripulias para chegar a Jornada Mundial da Juventude, pois essa será um experiência, sem dúvidas, inesquecível. Lembre-se, ainda há tempo.


TESTEMUNHO DE VIDA DO PAPA FRANCISCO
Francisco escreve a pároco e explica porque mora na Casa Santa Marta


Buenos Aires (RV) - Em uma recente carta enviada a um sacerdote argentino, Papa Francisco explicou o porquê de morar na Casa Santa Marta, lugar onde decidiu fixar sua residência depois de ficar hospedado nos dias do Conclave, em março, quando foi eleito sucessor de Pedro.

A carta de Francisco - escrita de próprio punho - divulgada pela agência AICA, foi enviada ao Padre Enrique Martínez, pároco da Anunciação do Senhor, no bairro Cochangasta, da Diocese de La Rioja, na Argentina.

Eis a íntegra da carta:

"Querido Quique: Hoje recebi a carta do último dia 1° de maio. Trouxe-me muita alegria, a descrição da Festa Patronal trouxe-me ar fresco. Eu estou bem e não perdi a paz diante de um fato totalmente inesperado, e isto considero um dom de Deus.
Procuro manter o mesmo jeito de ser e de agir que tinha em Buenos Aires porque, se eu mudar na minha idade, com certeza vou fazer um papel ridículo.
Não quis ir morar no Palácio Apostólico, vou lá só para trabalhar e para as audiências. Fiquei morando na Casa Santa Marta, que é uma casa de hóspedes (onde ficamos hospedados durante o Conclave) para bispos, padres e leigos. Estou perto das pessoas e levo uma vida normal: missa pública de manhã, como no refeitório com todos, etc. Isto me faz bem e evita que fique isolado.
Quique, saudações a seus paroquianos. Peço, por favor, que reze e peça para rezarem por mim. Saudações para o Carlos e o Miguel. Que Jesus o abençoe e a Virgem Santa cuide de você. Fraternalmente, Francisco. Vaticano, 15 de maio 2013".
No domingo passado, Padre Martínez recebeu um envelope com a carta do Papa Francisco, que pôde ler aos seus fiéis logo depois da Missa. Após a leitura as pessoas começaram a aplaudir como se o mesmo Santo Padre estivesse presente, recordou. O sacerdote comentou que receber a carta foi “como sentir a proximidade do Papa. Aconteceu a mesma coisa comigo quando vi João Paulo II em Córdoba”.

O sacerdote tinha escrito ao Vaticano no dia 1º de maio, logo depois das festas patronais da capela São José Operário, do bairro 4 de Junho. “Contava-lhe do calor popular da festa, onde toda a comunidade se integrou, inclusive os doentes. A procissão parava com frequência e me esperava para caminhar meio quarteirão ou um quarteirão para dar a unção dos enfermos a um doente; e não tinham problema de esperar, relatou”. (SP)



Texto proveniente da página
http://pt.radiovaticana.va/news/2013/05/30/francisco_escreve_a_pároco_e_explica_porque_mora_na_casa_santa_marta/bra-696805
do site da Rádio Vaticano


TESTEMUNHO DE MAIS UM NOVIÇO

Este testemunho é do noviço Aluísio, brasileiro, Alagoano da região de Santana do Mundaú, da nossa Congregação Religiosa dos Somascos, servos dos pobres. Ele está fazendo uma etapa de formação de um ano na Itália, na cidade de Somasca, onde a Congregação de São Jerônimo Emiliani começou. Acompanhe seu testemunho:


“Não subirei ao altar de Deus sozinho, outros subirão comigo”.

Estimada amiga e companheira de caminhada, Quiteria, permita-me, mais uma vez, compartilhar contigo a minha alegria e meus sentimentos.

Antes de tudo, permita-me manifestar a saudade, que sinto de todos meus amigos brasileiros, especialmente de você! Como você, bem sabe, entre você e eu existe um espaço muito grande, ou seja, existe o Oceano Atlântico que nos separa fisicamente, porém, existe entre nós, a amizade, o amor ablativo, que supera qualquer distancia, em outras palavras, posso dizer: “O amor supera não somente a distância, mas os limites humanos, culturais, sociais, enfim, o amor supera tudo, inclusive a morte”

Dona Quiteria, me perdoe se estou sendo exageradamente emotivo, mas é, que neste momento eu estou movido por dois fortes sentimentos. A saudade; por estar verdadeiramente distante e a alegria de saber que se aproxima a minha consagração religiosa. Portanto, são sentimentos verdadeiramente fortes e belos!

Dona, Quiteria, não quero me apresentar como um orgulhoso, ou muito menos, como arrogante ou metido, mas desejo apenas manifestar a minha alegria e a minha vitória. Como ninguém, a senhora conhece a minha história, vem acompanhando meus passos e, eu sempre busco refúgio na senhora, posso afirmar que, a senhora me ajuda a caminhar com os pés nos chão. Por estas e outras razões, me sinto livre para condividir as minhas alegrias e vitórias, que não são méritos meus, mas da Santíssima Trindade!

Estou na Itália, um país da Europa, reconhecido no mundo inteiro, seja pela arte, pela cultura, pela história..., isso significa para mim, filho de Santana do Mundaú, uma experiência única. Jamais pude imaginar de morar na Itália e conhecer, sentir e experimentar a beleza artística, cultural, intelectual e geográfica que ela contém. Conhecer a sede da Igreja católica, o Vaticano, exatamente, no momento em que a Igreja está, experimentando um novo sopro do Espírito Santo. “Um aggiornamento”!

D. Quiteria, Vi e escutei o Papa, participei de missa celebrada por ele: “Que posso eu dizer, senão, obrigado meu Senhor”!

Do ponto de vista eclesial, é uma riqueza muito grande para mim, sobretudo, porque, este Papa está sendo um novo São Francisco para a Igreja. Dou testemunho de uma cena, que vi e me emocionei, realizada com o Papa Francisco: Foi no domingo da misericórdia na Catedral de São João de Latrão, Roma. A catedral estava superlotada, entre os fiéis estavam os deficientes físicos e doentes intermináveis. Todos esperavam o Papa, quando ele entrou na catedral, se dirigiu imediatamente aos doentes e cadeirantes e os saudou um por um, com um abraço e um beijo santo. Entres tantos que choravam de emoção, um me chamou, por demais a atenção. Era um deficiente físico ( tetraplégico), este se lançou no pescoço do Papa e o beijava e abraçava, chorava e batia palmas, parecia que ia andar. Aquilo me fez pensar tanto, tanto, pois vi naquele momento, um encontro de um paralítico com Jesus. Não posso dizer outra coisa senão: Deus me chamou para amar, amar verdadeiramente aqueles que são considerados inúteis, abandonados (Lucas 4, 16).

Minha querida amiga, eu trabalho com jovens, que vêm de diversos países do mundo, inclusive do Brasil, clandestinamente. São jovens que chegam aqui, em busca de trabalho, jovens que vem para tentar ganhar a vida e acabam nas ruas e a polícia manda-os para nossas obras. São eles meninos, rapazes e moças. Há algumas moças do Brasil, que vem para trabalhar na prostituição, como também homossexuais, que são tantos. A Congregação da qual faço parte, se empenha de devolver a estes jovens a dignidade e o sonho, que foi brutalmente assassinado, por uma sociedade capitalista e desumana. Eu, particularmente, trabalho com moças e rapazes, eles vivem em uma casa que se chama casa família, onde podem estudar, se alimentar bem, dormir bem e receber uma boa educação humana e sobretudo amor. Eu os amo profundamente, eles são os filhos que eu não gerei, mas que Deus me deu para amar. Nada de grandioso e espetacular faço com eles, apenas os amo, finalmente, o que disse Jesus: “ Aquele que diz que ama a Deus e não ama seu irmão é mentiroso...”

(1 João 4,2s).

Posso contar aqui a história de cada um deles e delas, mas não é necessário, apenas digo por conhecimento a priori, que eles são jovens que buscam um ideal, que sonham com um futuro, onde possam viver com dignidade. Em meio a esta realidade, em primeiro lugar e, sobretudo, rendo graças ao Senhor e, oro sem cessar, por cada um deles, em segundo lugar, amo-os e encorajo-os a cada um deles, chamando pelo nome e por fim, permaneço no meio deles fazendo-me um com eles!

Uma outra experiência muito profunda, que estou fazendo é com um grupo de 19 aidéticos. Dana Quiteria, esta é realmente, uma experiência que jamais fiz e, que jamais esquecerei. Posso dizer com total confiança, que esta experiência, com esse grupo de homens e mulheres com HIV, me faz mais humano!

Todos nós sabemos que a nossa sociedade hodierna, exclui aqueles, que segundo, a lei de mercado, são improdutivos, consequentemente, inúteis. Por que, segundo, o mercado, dão prejuízo à sociedade. Aqui na Itália, não é diferente. E por incrível, que pareça, os portadores de HIV, aqui, são, tratados iguais os leprosos da sociedade judaica, no tempo de Jesus. Eles vivem, totalmente excluídos da sociedade. São jogados em uma casa, para esperar a morte, que vem a passo lento! E o pior de tudo é, que enquanto espera a morte, sua companhia é a solidão - esta é a sua única companheira- e o mais triste de tudo, é que muitos sacerdotes, cristãos, agem com o mesmo pensamento da sociedade, fecham os olhos para não verem esta gente desprezada e massacrada, seja pela doença, seja pelo abandono, que é pior!

Entre as pessoas desse grupo muitas já estão em cadeiras de rodas, outras não falam, perderam totalmente a voz, outras, são depressivas (a maioria) e, nenhuma ha mais esperança, apenas todos tem uma certeza: “morreremos no abandono”! Me recorda de uma que me disse: “Eu anseio pela morte”, e u lhe perguntei, porque: me respondeu com lagrimas nos olhos: “ para me libertar”! Nosso discurso foi interrompido pelo choro.

Posso escrever aqui tantas coisas, mas prefiro guardar em meu coração. Mas uma eu não posso deixar de lhe contar, por que neste momento, eu estou com lagrimas nos olhos. É a história da Lorena. Lorena, é uma bela mulher, de 45 anos, foi tragicamente, surpreendida com esta doença, por meio de seu esposo; depois da morte de seu esposo, Lorena foi abandonada por filhos, parentes e amigos, o único lugar que lhe restou, foi aquela, casa, onde outros, com a mesma doença HIV vivem. Lorena não teve outra saída senão, morar com outras pessoas, que padecem a mesma dor. No meu primeiro encontro com Lorena, ela falava e caminhava, se alimentava sozinha, hoje, cinco meses depois, ela, praticamente não caminha, não se alimenta sozinha e dificilmente fala e, praticamente não enxerga. Tudo isso é apenas, o que eu consigo ver, ou seja, é aquilo que é possível de ver, mas quando estou com Lorena, posso ir mais afundo na sua história e no seu sofrimento, através de seu olhar, que penetra no meu coração como uma espada afiada. Seu olhar é um olhar de dor, de tristeza, de angústia e solidão, o que me faz sentir o seu sofrimento interior. Lorena me faz recordar a lamentação do profeta Jeremias: “Esqueci a felicidade, desfaleceu o meu vigor e a minha esperança em Deus” (Lamentações 3,17). Verdadeiramente posso dizer que, entre o grupo de 19 pessoas, do qual Lorena faz parte, a rainha do grupo é a tristeza com sua amiga solidão, que aliada ao abandono, preconceito e exclusão, conduz o grupo para a cova fria da morte!!

Confesso, que quando passo parte do dia com este grupo, especialmente com a Lorena, com a qual estabeleci uma boa amizade, me sinto completamente destruído emocionalmente. Faço um extremo esforço, que julgo, do Espirito Santo, para me manter alegre e arrancar um sorriso de Lorena. Penso que Lorena me tem como um doido e isso me ajuda a estabelecer um clima de alegria. Ele se sente feliz comigo e dificilmente chora quando estou com ela. Muitas vezes, estou chorando por dentro, mas não deixo transparecer. Posso dizer, por afirmação de outros, que convive com ela, que quando estou lá, ela se sente bem! Isso para mim é tudo, pois recorro a São Marcos que diz: “Não são os que tem saúde que precisam de médicos, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar os justos , mas os pecadores” ( Mc 2,17).

Como já disse acima, posso escrever tantas histórias e realidades, que já experimentei e experimento nesse grupo, mas me basta esta, para fazer uma reflexão profunda da vida e da existência humana.

Como ser humano, me vejo numa escola, onde posso aprender com os meus irmãos em Cristo, a ser cada vez mais humano e misericordioso para com aqueles que não são amados! Como cristão, vejo o quanto é importante a fé, em Deus Pai. A reflexão que faço do ponto de vista teológico é: na ausência da fé, o medo, a falta de esperança, a desilusão, o sentimento de culpa, a angústia, a baixo-estima, a tristeza toma conta do coração do homem, metendo-o numa crise existencial sem fim. Sem a fé, a filosofia de Jean Puol Sartre tem sentido “O homem é um ser que caminha para o fim” e Continua o filósofo:“a morte é a Náusea”. Verdadeiramente, para quem não tem fé, a morte é o fim de tudo, mas para aqueles que crêm na Ressurreição é o inicio de uma vida nova. ( ”Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25) Eventualmente, para quem não tem fé, quanto sente, que tudo aquilo, que antes se apresentava como bom, duradouro, eficaz e indispensável para a felicidade vão se destruindo, (os valores efêmeros) o vazio, a náusea, o medo, angústia e a depressão assume a expressão mais alta de sua vida, em outras palavras, já não se há mais razão de viver! Consciente que vai morrer e sem esperança da ressurreição, o homem é tomado pelo medo de descer à cova e ser comido pelos vermes, com afirma Keikekaard.

Posso escrever tantas coisas que trago para minha vida, mas me contenho em dizer apenas: eles, os 19 portadores da terrível e excludente HIV, são exatamente, aqueles para os quais Deus desceu do Céu. E Concluo com as palavras de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, Ele me ungiu para evangelizar os pobres, curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, restaurar a vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano de Graça do Senhor”.( Lc 4,16-18)

Aluisio(Noviço somasco).
Aluísio é o primeiro da direita.
 

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