quarta-feira, 31 de julho de 2013

Fé e caridade: ingredientes para a construção do Reino de Deus

    

Fé e caridade: ingredientes para a construção do Reino de Deus


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - Por ocasião da viagem de Francisco ao Brasil, um evento no Rio de Janeiro foi organizado especialmente para celebrar o Ano da Fé que estamos vivendo: a Santa Missa com os Bispos da JMJ, com os sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral do Rio.

Em sua homilia, o Papa se dirigiu diretamente aos Bispos para refletir com eles três aspectos da vocação: o fato de serem chamados por Deus, chamados a anunciar o Evangelho e chamados a promover a cultura do encontro.

Sobre este último aspecto, o Pontífice afirmou: Em muitos ambientes, e de maneira geral neste humanismo economicista que impôs-se no mundo, ganhou espaço a cultura da exclusão, a “cultura do descartável”. Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre na estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas sejam regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e pragmatismo. Tenham a coragem! Vocês tenham a coragem de ir contra a corrente dessa cultura eficientista, dessa cultura do descarte. O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade – uma palavra que se está escondendo nesta cultura, como se fosse um palavrão –, a solidariedade e a fraternidade são os elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana.

Participou da Missa o Presidente da Cáritas Brasileira, Dom Flávio Geovanale, Bispo de Santarém (PA), que falou da fé, da esperança e da caridade como ingredientes da única receita para a construção do Reino de Deus.



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/30/fé_e_caridade:_ingredientes_para_a_construção_do_reino_de_deus/bra-715387
do site da Rádio Vaticano

terça-feira, 30 de julho de 2013

A CASA DO POBRE PADRE CÍCERO CELEBROU HOJE A GRANDE FESTA DE PADRE CÍCERO, UM DOS MAIORES LÍDERES RELIGIOSOS DO BRASIL. DEPOIS DE UMA NOVENA DE PREPARAÇÃO HOJE ACONTECEU A MISSA FESTIVA SEGUIDO DE PROCISSÃO PELAS RUAS DA CIDADE.

VAI FRANCISCO RESTAURA A MINHA IGREJA DISSE JESUS A SÃO FRANCISCO E A TODOS OS "FRANCISCOS" DE HOJE

Será Francisco
o novo Moisés da igreja?
 
 
29.jul.2013 - A entrevista pouco usual de quase uma hora e meia que o papa Francisco concedeu a jornalistas que o acompanhavam no voo do Rio para Roma, depois de sete dias de Jornada Mundial da Juventude, foi destaque nos principais jornais do mundo. O jornal italiano "Corriere Della Sera" afirmou que a fala de Francisco foi "uma lição de liberdade que terminou com um aplauso geral de setenta jornalistas de todo o mundo." Leia mais Reprodução/Corriere Della Sera
No Brasil, a igreja - com Francisco como um novo Moisés bíblico - foi chamada a atravessar seu deserto em busca de uma terra nova para fugir da escravidão em que a havia colocado seu afastamento das pessoas.
É possível que, como Moisés, Francisco também não veja a igreja chegar a essa terra prometida com que ele sonha, na qual não exista a "psicologia de príncipes" nos bispos; na qual estes sejam pobres de coração e de bens; que não suspirem pelas cebolas e os cozidos de carne que deixaram para trás e que não voltem a adorar os bezerros de ouro.
A revolução que o papa lançou do Brasil para todo o mundo, como já se esperava, é séria. Não há dúvidas depois de seu discurso duro, com autoridade, sem concessões, pronunciado aos representantes das conferências episcopais da América Latina e de algum modo para os 3 mil bispos do mundo.
Francisco quer acabar com uma igreja que se revestiu até agora de mil ouropéis ideológicos que pouco têm a ver com a simples, e ao mesmo tempo exigente, proposta evangélica.
Ele desnudou a igreja das falsas ideologias, tanto de esquerda quanto de direita, que haviam mudado a ideia evangélica do encontro com os excluídos, da misericórdia sem reservas, do encontro inclusive corporal, físico, com o próximo, sem medo do corpo, por categorias de sociologia ou de psicologia que acabaram cunhando na igreja uma espiritualidade elitista, desencarnada, sem compromisso com sua realidade primitiva quando desafiava os ídolos do poder.
Ele veio dizer aos bispos que a igreja não pode continuar como até agora. Que tem de mudar de pele, deixar de ser burocrática, esquecer-se dos demônios do carreirismo. Disse-lhes que, mais que no amanhã de suas vidas, pensem no hoje dos que sofrem agora e não podem esperar. "O hoje é a eternidade", disse aos bispos. E esse hoje e esses marginalizados da sociedade são "a carne da igreja".
Até agora, inclusive os papas mais abertos sempre falaram em reformar a cúria, o governo central do Vaticano. Francisco, que também deverá fazer isso e com urgência, propôs no Brasil uma revolução global da igreja.
 
Quando falou sobre a "humildade social", estava traduzindo o mandato evangélico de que o maior se faça o menor para ir ao encontro do próximo, que é um igual a nós.
Ainda não sabemos como os diferentes movimentos da igreja, como o Opus Dei, os pentecostalistas, os da Comunhão e Libertação ou os próprios teólogos da libertação analisarão agora as graves palavras de Francisco no Rio.
Para ele não servem as metodologias liberais nem as marxistas para encarnar o evangelho nas pessoas. Tachou todas elas de ideologias elitistas. Como alternativa para os conceitos políticos de direita, centro ou esquerda, Francisco cunhou para seu pontificado um novo: o das periferias, que é, como disse aos bispos, onde se devem colocar como "pastores", e não como "príncipes"; como anunciadores de esperança, e não como burocratas ou administradores de uma empresa ou uma ONG.
De certo modo, disse aos bispos que deixem de bizantinismo e que saiam à rua a pegar pela mão todos os que buscam ajuda, consolo, conselho ou simplesmente um ombro onde chorar essa dor que não há ideologia capaz de consolar.
Deixarão que Francisco - que se apresentou despojado e próximo das pessoas, sem as insígnias reais do papado - realize essa novidade histórica que obrigará a igreja a uma catarse coletiva? O escutarão e seguirão nessa travessia do deserto? Nessa conversão existencial para desnudar-se, como fez o jovem Francisco, de sua cômoda vida passada para seguir ao pé da letra o Evangelho, compartilhando a vida dos sem poder e sem dinheiro?
Difícil de adivinhar. Moisés não chegou a ver a Terra Prometida, mas o povo judeu conseguiu, afinal, livrar-se da escravidão dos ídolos.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves  uol noticias
 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Papa vê Igreja 'caduca' e quer renovar sem perder dogmas

Papa vê Igreja 'caduca' e quer renovar sem perder dogmas

O papa Francisco fez nesse domingo, 28, uma autocrítica antes de deixar o Brasil: a Igreja está "atrasada" e mantém...

 

 

 

O papa Francisco fez nesse domingo, 28, uma autocrítica antes de deixar o Brasil: a Igreja está "atrasada" e mantém "estruturas caducas". Para ele, chegou o momento de a instituição entender que precisa se modernizar e deixar de viver de tradições ou de vender esperanças para o futuro. Em seus improvisos, porém, deixou claro que é preciso mudar sem perder dogmas nem valores.

A ocasião escolhida para apresentar seu "programa de governo" para a Igreja - baseado no documento de 2007 da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida - foi a reunião que manteve com os cardeais, na tarde de domingo no Rio. Francisco fez um ataque ao abuso de poder na Igreja, à mentalidade de "príncipes" entre os cardeais, à inclusão de ideologias sociais no Evangelho - tanto marxistas quanto liberais - e uma denúncia frontal contra o carreirismo e contra a distância imposta pelos bispos aos fiéis.

Em um duro discurso, o papa Francisco apelou por uma Igreja "atual" e apresentou um raio X dos problemas da Igreja que, segundo ele, estão impedindo seu crescimento e fazendo proliferar sua "imaturidade". As reformas na Cúria começarão a ser apresentadas já em setembro. Mas, para o papa, mudanças nas estruturas não bastarão. É preciso adotar nova atitude.

No centro de seu projeto estão a renovação interna da Igreja e a insistência de que sacerdotes deixem a sacristia e tomem as ruas, dando especial atenção às periferias - não só das cidades, mas também aos segmentos marginalizados da sociedade. "O que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade", declarou, lembrando que isso "exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a todos os batizados e homens de boa vontade". "O discipulado-missionário é o caminho."

Vícios e tentações

Francisco, porém, ao apresentar sua estratégia para reconquistar fiéis e retomar a influência da Igreja, alertou para vícios e tentações que a instituição atravessa e precisa abandonar para poder retomar sua credibilidade. Disse de improviso que, "com o início do pontificado, recebe cartaz, propostas, chegam-lhe inquietudes, propostas que... se casem os padres, que se ordenem as monjas (risos), que se dê a comunhão aos divorciados". Francisco chegou a falar em catolicismo ilustrado e disse que essas questões "não vão ao problema de fundo, real".

Outra crítica foi dirigida à "ideologização da mensagem evangélica". O argentino, porém, fez questão de atacar não apenas a Teologia da Libertação, mas tendências liberais. "A tentação engloba os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até a categorização

Francisco faz João XXIII modelo de sua Igreja

Francisco faz João XXIII modelo de sua Igreja

Canonização do papa do concílio e faxina em banco mostram os rumos de Bergoglio


 

 

Numa instituição com 2 mil anos de tradição, quatro meses é pouco tempo para se fazer qualquer mudança. Mas duas ações do papa entronizado em março já sinalizam para onde vão Francisco e a Igreja: a canonização de João XXIII e o processo de limpeza no banco do Vaticano.
No âmbito teológico, a canonização do papa João XXIII é o principal indicativo do rumo a ser tomado. Recentemente, Francisco dispensou a exigência do segundo milagre para que o "papa bom" - aquele que convocou o Concílio Vaticano 2.º e cujo processo estava havia 50 anos engavetado - se tornasse santo. "Isso diz muito. Mostra que tipo de santidade interessa a Francisco. E, pelo jeito, ele quer foco naqueles aficionados pelos pobres", diz Afonso Soares, do Departamento de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Como consequência do Vaticano 2.º, nos anos 1960, a Igreja substituiu o latim pelas línguas nacionais nas celebrações e fez os padres rezarem a missa voltados para o povo. Afirmou-se ainda o compromisso do cristão com a justiça social.
"E não foi só João XXIII", diz Soares. Francisco mandou apressar a beatificação de d. Oscar Romero, arcebispo que defendeu perseguidos e famílias de desaparecidos no regime militar de El Salvador e acabou morto por paramilitares.
Essa opção pelos homens que pregaram o compromisso social dialoga com a segunda área em que a mão do papa já é visível: a rigidez com que tem atuado em relação às denúncias de corrupção no Instituto das Obras da Religião, o chamado banco do Vaticano. Uma igreja engajada na justiça social não pode ostentar. Francisco nomeou uma comissão de investigação e, em pouco tempo, o diretor e o vice já renunciaram.
"A próxima mudança deve ser a reforma da Cúria, prevista para outubro. E, se Francisco mantiver a cadência dos passos já dados, não fará apenas uma troca de nomes. Vai descentralizar e tirar este poder excessivo preso na mão de meia dúzia de cardeais", prevê o frei e professor Clodovis Boff. Ele diz que, nos últimos pontificados, os bispos eram subestimados. "Eles reclamavam de serem tratados como coroinhas pela Cúria. E, teologicamente, quem tem o poder espiritual são os bispos, não os burocratas."
O primeiro sinal de que o colegiado terá voz foi dado nos minutos iniciais do pontificado quando, da sacada do Vaticano, o desconhecido Bergoglio se apresentou como bispo de Roma. "Não era mais um papa que mandava em tudo, era um companheiro", avalia Luiz Alberto Gómez de Souza, diretor do Programa de Estudos Avançados em Ciência e Religião da Universidade Cândido Mendes.
Souza acredita que, com Francisco, crescerá a participação dos bispos na experiência pastoral das igrejas locais. "As conferências devem ter um protagonismo na nomeação de bispos de sua região, que elas conhecem melhor do que ninguém."
Mudanças. A abertura para a experiência e a voz dos bispos pode fazer com que a Igreja se torne mais sensível à realidade dos povos. E, assim, algumas questões disciplinares poderão ser revistas. No topo da lista, está o celibato obrigatório. Com a carência de sacerdotes, esse é um ponto que poderá mudar.
A indissolubilidade do matrimônio não deve ser alterada, mas a tendência é que a Igreja facilite a anulação das primeiras núpcias. As expressões "até que a morte os separe" e "o que Deus uniu não o separe o homem" continuarão válidas, mas admite-se que há casos em que o casamento não foi uma decisão tomada sob a bênção divina, que permitiria a anulação.
Já nas questões morais, quem espera uma flexibilização em relação ao casamento gay e à legalização do aborto vai se decepcionar, avalia Boff. "Como arcebispo de Buenos Aires ele já se posicionava contrário ao casamento gay. Não vai mudar. Mas ser contra não significa não acolher. Isso ele faz."

 

Papa admite incoerência da Igreja

Papa admite incoerência da Igreja

O papa Francisco reconheceu pela primeira vez em público as "incoerências" da Igreja e, em plena Jornada Mundial...

 

 

 

O papa Francisco reconheceu pela primeira vez em público as "incoerências" da Igreja e, em plena Jornada Mundial da Juventude, costura politicamente sua reforma da Cúria - que será iniciada assim que retornar a Roma.
Durante a via-crúcis realizada ontem (26) na Praia de Copacabana, o pontífice fez um mea-culpa, diante de uma Igreja que ele assumiu. Em um recado a todos que estão insatisfeitos com as instituições católicas, pede que voltem a colocar Cristo no centro de suas vidas. "Jesus se une a tantos jovens que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho", declarou o papa.

Em pouco mais de quatro meses de pontificado, Francisco tem evitado temas como os escândalos sexuais da Igreja. Mas sabe que os problemas afetaram de forma profunda a imagem e a credibilidade do Vaticano. Parte deles vem justamente de dezenas de padres e bispos que, por anos, abafaram escândalos em comunidades, enquanto a Santa Sé fez vista grossa.

Sua referência no discurso de ontem (26) foi um sinal, segundo o Vaticano, de que o papa sabe que precisa lidar com esse assunto em algum momento. E, de uma forma mais geral, terá de começar a passar dos símbolos a uma concretização de suas promessas de mudanças.

Fontes do Vaticano admitiram que o papa tem colocado a reforma da estrutura da Igreja como prioridade e, nos últimos meses, tem dedicado uma parte importante de seus dias para estudar formas de promover a mudança.

Seu cronograma não mudou, nem mesmo durante sua estada no Rio. Na terça-feira, enquanto o Vaticano anunciava que seu dia havia sido de "descanso", a realidade é que o papa usou o momento para se reunir com grupos religiosos e cardeais latino-americanos para estudar projetos de reforma. Na residência do Sumaré, promoveu reuniões de trabalho, recebeu lideranças e discutiu planos concretos.

A principal meta é a de criar uma estrutura que permita que brigas pelo poder sejam diluídas e uma gestão moderna seja implementada em um órgão de séculos, que há muito tempo não é modificado.

Bispos

Mas, para realizar a reforma, Francisco já foi alertado que terá de construir consensos e atrair propostas "das bases". Isso porque, em parte da Cúria, o papa poderá encontrar certa resistência e, para superá-las, terá de convencer que o projeto não é apenas dele, mas o resultado de debates. Na prática, isso está sendo traduzido em um apelo para que bispos de várias regiões apresentem ideias e projetos.

O cardeal brasileiro João Braz de Aviz disse que, nas próximas semanas, "boas notícias" serão dadas, em uma referência a mudanças que serão anunciadas. "O papa vai mostrar que podemos ter uma Igreja mais leve, mais simples", declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Falta de proximidade pode ter levado à fuga de fiéis, diz Francisco

Falta de proximidade pode ter levado à fuga de fiéis, diz Francisco

Em entrevista ao 'Fantástico', ele contou que no conclave foram discutidos escândalos da Igreja, como o vatileaks

 

O papa Francisco disse na noite desta sexta-feira, 28, ao Fantástico, da "Rede Globo", que a falta de proximidade com seus discípulos pode ter causado o enfraquecimento da Igreja no Brasil e na América Latina. Em meia hora de entrevista, o pontífice respondeu também sobre manifestações no Brasil e no mundo, comentou escândalos do Vaticano revelados pelo vazamento de documentos secretos (no episódio conhecido como Vatileaks) e expôs um pouco dos bastidores da sua própria eleição, em março.
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Bergoglio tornou-se Francisco em Roma, mas virou papa no Rio
Em discurso duro, papa critica bispos e pede reforma da Igreja
"A Igreja é como uma mãe. Nem eu nem você conhecemos uma mãe que age por correspondência." Para o pontífice, faltam sacerdotes, especialmente em locais mais isolados, e os cristãos recorrem a pastores protestantes. "As pessoas precisam do Evangelho e vão ouvir um pastor que os dê atenção."

Francisco disse que os problemas atuais da Igreja ajudaram a pautar a escolha do pontífice, em especial nas reuniões anteriores ao Conclave, as Congregações Gerais. "Naquela ocasião falamos claramente sobre problemas da Igreja, para deixar clara a realidade e traçar o perfil do próximo papa. Havia problemas de escândalos, mas também se falou de certas reformas funcionais necessárias."

Nas reuniões ficou decidido que quem quer que fosse o próximo líder da Igreja criaria uma comissão para revisar a administração do Vaticano. "Um mês depois da minha eleição nomeei a comissão, com oito cardeais. As primeiras reuniões serão nos dias 1, 2 e 3 de outubro."

O pontífice defendeu a atuação da Cúria. "A Cúria sempre foi criticada. Mas lá há muitos santos, gente de Deus que gosta da Igreja." O papa citou um provérbio para explicar o foco nos escândalos: "Faz mais barulho uma árvore que cai que um bosque que cresce". Sobre o monsenhor Nunzio Scarano, alto funcionário do Vaticano acusado de lavagem de dinheiro, Francisco disse que "é preciso reconhecer que ele agiu mal e vai ter a punição que merece".

Manifestações. Francisco disse não saber o motivo específico do descontentamento que motiva protestos dos jovens no Brasil, mas, para ele, essa geração deve ser ouvida. "Devemos dar lugar para os jovens se expressarem e cuidar para que não sejam manipulados." E ainda deu seu apoio: "Um jovem que não protesta não me agrada".

Carro. Questionado sobre o carro sem nenhum luxo com o qual se deslocou durante a agenda, um Fiat Idea prata, comercializado também no Brasil, o papa defendeu que os sacerdotes sejam exemplos de simplicidade e disse que opulência ofende os fiéis. "O carro que uso aqui é muito parecido com o que estou usando em Roma: simples, que um empregado normal pode ter. Sinto que temos que dar testemunho de certa simplicidade. E ouso dizer, pobreza. Nosso povo exige pobreza dos sacerdotes", defendeu."Nosso povo fica com o coração muito ofendido quando vê que nós, que estamos consagrados, estamos apegados ao dinheiro".

Segurança. Questionado sobre a segurança durante a Jornada, criticada por diversos especialistas, o pontífice disse que não se sentiu ameaçado em nenhum momento e agradeceu os esforças das equipes do Brasil e do Vaticano em protegê-lo. Francisco falou sobre o hábito de deixar o vidro aberto durante os deslocamentos com carro convencional, bem como da falta de vidros laterais e de blindagem em seu papamóvel. "Eu não sinto medo, sou inconsciente. Sei que ninguém morre na véspera", brincou. "Eu não poderia ver esse povo que tem um grande coração em uma caixa de vidro", disse. "Vim visitar gente. Quero tratá-las (as pessoas) como gente: tocá-las"

ACOMPANHE A ENTREVISTA QUE O PAPA FRANCISCO CONCEDEU NO AVIÃO DE VOLTA AO VATICANO

Sem tabus, pontífice respondeu por mais de uma hora perguntas de jornalistas durante o voo entre Rio e Roma

 

SOBRE ALGUNS TABUS DA IGREJA O PAPA FALA:

ROMA - A Igreja não pode julgar os gays por sua opção sexual e nem marginalizá-los. O alerta é do papa Francisco que, quebrando um verdadeiro tabu, deixa claro que estende sua mão a esse segmento da sociedade. “Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu pra julgá-lo”, declarou. “O catecismo da Igreja explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser marginalizados por causa disso, mas devem ser integrados na sociedade”, insistiu.
As declarações foram dadas em uma entrevista concedida pelo papa aos jornalistas que o acompanharam no avião entre o Rio e Roma, entre eles a reportagem do Estado. Na conversa, a garantia do argentino de que o Vaticano tem como papa uma “pessoa normal”, um “pecador” e que vive junto com os demais religiosos porque morar no Palácio Apostólico o geraria problemas psicológicos.
Trinta minutos depois de o voo decolar do Rio, o papa deixou sua primeira classe e cumpriu uma promessa que havia feito no voo de ida de Roma ao Brasil: responderia perguntas dos jornalistas. Mas poucos imaginaram que a conversa duraria quase uma hora e meia.
Veja também:
Para o papa, o problema não é a existência do “lobby gay” dentro da Igreja, mas de qualquer lobby. “O problema não é ter essa tendência. Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessas tendências de pessoas gananciosas, lobby político, mações e tantos outros lobbies. Esse é o principal problema”, disse.
Pela primeira vez, Francisco ainda deixou claro que, para ele, abusos sexuais contra menores por parte de religiosos não são apenas pecados, mas crimes que devem ser julgados.
Mas se a posição sobre os gays e sobre o abuso sexual pode representar uma mudança, Francisco deixou claro que não haverá uma nova opinião do Vaticano sobre a presença das mulheres na Igreja, sobre o aborto ou sobre o casamento homossexual.
O papa aproveitou a conversa para anunciar que vai exigir transparência e honestidade no Vaticano e garantiu que sua reforma vai continuar. “Esses escândalos fazem muito mal”, disse.
Antes de responder às perguntas, ele elogiou o “grande coração dos brasileiros”, disse que a viagem “fez bem para sua espiritualidade” e ainda disse que a organização do evento foi excelente. “Parecia um cronômetro”. Eis os principais trechos da entrevista:
Nestes quatro meses de pontificado, o senhor criou várias comissões. Que tipo de reforma do Vaticano o sr. tem em mente? O sr. quer suprimir o Banco do Vaticano?
Papa Francisco – Os passos que eu fui dando nestes quatro meses e meio vão em duas vertentes. O conteúdo do que quero fazer vem da congregação dos cardeais. Me lembro que os cardeais pediam muitas coisas para o novo papa, antes do conclave. Lembro-me que tinha muita coisa. Por exemplo, a comissão de oito cardeais, a importância de ter uma consulta de alguém de fora, e não uma consulta apenas interna. Isso vai na linha do amadurecimento da sinonalidade e do primado. Os vários episcopados do mundo vão se expressando e muitas propostas foram feitas, como a reforma da secretaria dos sínodos, para que a comissão sinodal tenha característica consultativa, como o consistório cardinalício com temáticas específicas, como a canonização. A vertente dos conteúdos vem dai.

A segunda é a oportunidade. A formação da primeira comissão não me custou mais de um mês. Já A parte econômica, eu pensava em tratar no ano que vem, porque não é a mais importante. Mas a agenda mudou devido a circunstâncias que vocês conhecem que é domínio público. O primeiro é o problema do Ior (Banco do Vaticano), como encaminhá-lo, como reformá-lo, como sanear o que há de ser sanado. E essa foi então a primeira comissão. Depois tivemos a comissão dos 15 cardeais que se ocupam dos assuntos econômicos da Santa Sé. E por isso decidimos fazer uma comissão para toda a economia da Santa Sé, uma única comissão de referência. Se notou que o problema econômico estava fora da agenda. Mas estas coisas acontecem. Quando estamos no governo, vamos por um lado, mas se chutam e fazem um golaço por outro lado, temos que atacar. A vida é assim. Eu não sei como o Ior vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros acham que deveria ser um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso. O presidente do Ior permanece, o tesoureiro também, enquanto o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. E isso é bom. Não somos máquinas. Temos que achar o melhor. Mas o fato é que, seja o que for, tem que ser feita com transparência e honestidade.

Uma fotografia do sr. deu a volta ao mundo, quando o sr. desceu as escadas do helicóptero em Roma para embarcar para o Brasil carregando sua mala preta. Reportagens levantaram hipóteses também sobre o conteúdo da mala. Porque o sr. saiu carregando a maleta preta e não um de seus colaboradores? E o sr. poderia dizer o que tinha dentro?
Papa Francisco - Não tinha a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso, Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre levei eu mesmo minha maleta. É normal. Nós temos que ser normais. É um pouco estranho isso que você me diz que a foto deu a volta ao mundo. Mas temos de nos habituar a sermos normais, à normalidade da vida.
Por que o senhor pede tanto para que rezem pelo senhor? Não é habitual ouvir de um papa que peça que rezem por ele.
Papa Francisco - Sempre pedi isso. Quanto era padre pedia, mas nem tanto e nem tão frequentemente. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a ser bispo. Porque eu sinto que se o senhor não ajuda nesse trabalho de ajudar aos outros, não se pode realizá-lo. Preciso da ajuda do senhor. Eu de verdade me sinto com tantos limites, tantos problemas, e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Eu sinto que devo pedir. Não sei…
Na busca de fazer as mudanças no Vaticano, o sr. disse que existem muitos santos que trabalham e outros um pouco menos santos. O sr. enfrenta resistências a essa sua vontade de mudar as coisas no Vaticano? O sr. vive num ambiente muito austero, de Santa Marta. Os seus colaboradores também vivem essa austeridade? Isso é algo apenas do sr. ou da comunidade?
Papa Francisco - As mudanças vem de duas vertentes: do que pediram os cardeais e também o que vem da minha personalidade. Você falou que eu fico na Santa Marta. Eu não poderia viver sozinho do Palácio, que não é luxuoso. O apartamento pontifício é grande, mas não é luxuoso. Mas eu não posso viver sozinho. Preciso de gente, falar com gente, trabalhar com as pessoas. Porque é que quando os meninos da escola jesuíta me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade e pobreza, eu respondi: não, não. Psicologicamente, não posso. Cada um deve levar adiante sua vida, seguir seu modo de vida. Os cardeais que trabalham na Cúria não vivem como ricos. Tem apartamentos pequenos. São austeros. Os que eu conheço tem apartamentos pequenos. Cada um tem que viver como o senhor disse que tem que viver. A austeridade é necessária para todos. Trabalhamos à serviço da Igreja. É verdade que há sacerdotes e padres santos, gente que prega, que trabalha tanto, que trabalha e vai aos pobres, se preocupam garantir que os pobres comam. Tem santos na Cúria. Também tem alguns que não são muito santos. E são estes que fazem mais barulho. Faz mais barulho uma árvore que cai do que uma floresta que nasce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos. Temos o monsenhor que foi para a cadeia (por lavagem de dinheiro). São escândalos que fazem mal. Uma coisa que nunca disse : a Cúria deveria ter o nível que tinham os velhos padres, pessoas que trabalham. Os velhos membros da Cúria. Precisamos deles. Precisamos do perfil do velho da Cúria. Sobre a resistência, se tem, eu ainda não vi. É verdade que aconteceram muitas coisas. Mas eu preciso dizer: eu encontrei ajuda, encontrei pessoas leais. Por exemplo, eu gosto quando alguém me diz: “eu não estou de acordo”. Esse é um verdadeiro colaborador. Mas quando vejo alguém que diz: “ah, que belo, que belo”, e depois dizem o contrario por trás, isso não ajuda.
O mundo mudou, os jovens mudaram. Temos no Brasil muitos jovens, mas o senhor não falou de aborto, sobre a posição do Vaticano sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil foram aprovadas leis que ampliam os direitos para estes casamentos em relação ao aborto. Por que o senhor não falou sobre isso?
Papa Francisco - A Igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Eu não queria voltar sobre isso. Não era necessário, como também não falei sobre outros assuntos. Eu também não falei sobre o roubo, sobre a mentira. Para isso, a Igreja tem um doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. Além disso, os jovens sabem perfeitamente qual a posição da igreja.
E qual é a do Papa?
Papa Francisco - É a da Igreja, eu sou filho da Igreja.
Qual o sentido mais profundo de se apresentar como o bispo de Roma?
Papa Francisco - Não se deve andar mais adiante do que o que se fala. O papa é bispo de Roma e por isso é papa, que é o sucessor de Pedro. Pensar que isso quer dizer que é o primeiro, não é o caso. Não é esse o sentido. O primeiro sentido do papa é ser o bispo de Roma.
O sr. teve sua primeira experiência de massas no Rio. Como o sr. se sente como papa? É muito trabalho?
Papa Francisco - Ser bispo é lindo. O problema é quando um pessoa busca ter esse trabalho. Assim não é tão belo. Mas quando um senhor chama para ser bispo, isso é belo. Tem sempre o perigo e pecado de pensar com superioridade, como ser um príncipe. Mas o trabalho é belo. Ajudar o irmão a ir adiante. Tem o filtro da estrada. O bispo tem que indicar o caminho. Eu gosto de ser bispo. Em Buenos Aires, eu era tão feliz. Como padre eu era feliz. Como bispo, eu era feliz e isso me faz bem.
E como papa?
Papa Francisco - Se você faz o que o Senhor quer, é feliz. Isso é meu sentimento.
Vimos o sr. cheio de energia e, agora, enquanto o avião se mexe muito, vemos agora com muita tranquilidade de pé. Fala-se muito das próximas viagens. O sr. já tem um calendário?
Papa Francisco - Definido, definido não há nada. Mas posso dizer algumas coisas que estamos pensando. No dia 22 de setembro, Cagliari. Depois, no 4 de outubro, para Assis. Tenho em mente, dentro da Itália, ir ver minha família. Pegar um avião pela manhã e voltar com outro pela noite. Meus familiares, pobres, me ligam. Temos uma boa relação com eles. Fora da Itália o patriarca Bartolomeu I quer fazer um encontro para comemorar os 50 anos do encontro Atenágoras e Paulo VI em Jerusalém. O governo israelense nos fez um convite especial. O governo da Autoridade Palestina acredito que fez o mesmo. Isso está sendo pensado. Na América Latina, acredito que há possibilidades de voltar, porque o papa latino-americano, que acaba de fazer sua primeira viagem à América Latina….Adeus! Devemos esperar um pouco. Acredito que se possa ir à Ásia, mas está tudo no ar. Tive convites para ir ao Sri Lanka e Filipinas. Para a Ásia precisamos ir. Bento XVI não teve tempo.
E para a Argentina?
Papa Francisco - Isso pode esperar um pouco. As outras viagens tem prioridade.
No encontro com os argentinos, o sr. disse que se sentia enjaulado. Por quê?
Papa Francisco - Vocês sabem que eu tenho vontade de passear pelas ruas de Roma? Adoro andar pelas ruas. E por isso me sinto um pouco enjaulado. Mas tenho que dizer que a Gendarmeria vaticana é boa. Agora me deixam fazer algumas coisas mais. Mas seu dever é garantir minha segurança. Enjaulado nesse sentido, de que gostaria de estar nas ruas. Mas entendo que não é possível. Em Buenos Aires, eu era um sacerdote das ruas.
A igreja no Brasil está perdendo fiéis. A Renovação Carismática é uma possibilidade para evitar que eles sigam para as igrejas pentecostais?
Papa Francisco - É verdade, as estatísticas mostram. Falamos sobre isso ontem com os bispos brasileiros. E isso é um problema que incomoda os bispos brasileiros. Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam. Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são um graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova.
O senhor disse que está cansado. Há algum tratamento especial neste voo?
Papa Francisco - Sim, estou cansado. Não há nenhum tratamento especial neste voo. Na frente, tem uma bela poltrona. Escrevi para dizer que não queria tratamento especial.
A igreja sem a mulher perde a fecundidade? Quais as medidas concretas?
Papa Francisco - Uma igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem Maria. O papal da mulher na igreja não é só maternidade, a mãe da família. É muito mais forte. A mulher ajuda a igreja a crescer. E pensar que a Nossa Senhora é mais importante do que os apóstolos! A igreja é feminina, esposa, mãe. O papel da mulher na igreja não deve ser só o de mãe e com um trabalho limitado. Não, tem outra coisa. O papa Paulo XI escreveu uma coisa belíssima sobre as mulheres. Creio que se deva ir adiante com esse papel. Não se pode entender uma igreja sem uma mulher ativa. Um exemplo histórico: para mim, as mulheres paraguaias são as mais gloriosas da América Latina. Sobraram, depois da guerra (1864-1870), oito mulheres para cada homem. E essas mulheres fizeram uma escolha um pouco difícil. A escolha de ter filhos para salvar a pátria, a cultura, a fé, a língua. Na igreja, se deve pensar nas mulheres sob essa perspectiva. Escolhas de risco, mas como mulher. Acredito que, até agora, não fizemos uma profunda teologia sobre a mulher. Somente um pouco aqui, um pouco lá. Tem a que faz a leitura, a presidente da Cáritas, mas há mais o que fazer. É necessário fazer uma profunda teologia da mulher. Isso é o que eu penso.
O que sr. pensa sobre a ordenação das mulheres?
Papa Francisco - Sobre a ordenação, a Igreja já falou e disse que não. João Paulo II disse com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada. Nossa senhora, Maria, é mais importante que os apóstolos. A mulher na igreja é mais importante que os bispos e os padres. Acredito que falte uma especificação teológica.
Queremos saber qual a sua relação de trabalho com Bento XVI, não a amistosa, a de colaboração. Não houve antes uma circunstância assim. Os contatos são frequentes?
Papa Francisco - A última vez que houve dois ou três papa, eles não se falavam. Estavam brigando entre si, para ver quem era o verdadeiro. Eu fiquei muito feliz quando se tornou papa. Também, quando renunciou, foi, pra mim, um exemplo muito grande. É um homem de Deus, de reza. Hoje, ele mora no Vaticano. Alguns me perguntam: como dois papas podem viver no Vaticano? Eu achei uma frase para explicar isso. É como ter um avô em casa. Um avô sábio. Na família, um avô é amado, admirado. Ele é um homem com prudência. Eu o convidei para vir comigo em algumas ocasiões. Ele prefere ficar reservado. Se eu tenho alguma dificuldade, não entendo alguma coisa, posso ir até ele. Sobre o problema grave do Vatileaks [vazamento de documentos secretos], ele me disse tudo com simplicidade. Tem uma coisa que não sei se vocês sabem: em 8 de fevereiro, no discurso, ele falou: “Entre vocês está o próximo papa. Eu prometo obediência”. Isso é grande.
Nesta viagem, o sr. falou de misericórdia. Sobre o acesso aos sacramentos dos divorciados, existe a possibilidade de mudar alguma coisa na disciplina da igreja?
Papa Francisco - Essa é uma pergunta que sempre se faz. A misericórdia é maior do que o exemplo que você deu. Essa mudança de época e também tantos problemas na igreja, como alguns testemunhos de alguns padres, problemas de corrupção, do clericalismo… A igreja é mãe. Ela cura os feridos. Ela não se cansa de perdoar. Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união. Esse problema deve ser estudado pela pastoral matrimonial. Há 15 dias, esteve comigo o secretário do sínodo dos bispos, para discutir o tema do próximo sínodo. E posso dizer que estamos a caminho de uma pastoral matrimonial mais profunda. O cardeal Guarantino disse ao meu antecessor que a metade dos matrimônios é nula. Porque as pessoas se casam sem maturidade ou porque socialmente devem se casar. Isso também entra na Pastoral do Matrimônio. A questão da anulação do casamento deve ser revisada. Também é preciso analisar os problemas judiciais de anular um matrimônio. Porque os…eclesiástico não bastam para isso. É complexo o problema da anulação do matrimônio.
Como Papa, o senhor ainda pensa como um jesuíta?
Papa Francisco - É uma pergunta teológica. Os jesuítas fazem votos de obedecer ao Papa. Mas se o Papa se torna um jesuíta, talvez devem fazer votos gerais dos jesuítas. Eu me sinto jesuíta na minha espiritualidade, a que tenho no coração. Não mudei de espiritualidade. Sou Francisco franciscano. Me sinto jesuíta e penso como jesuíta.
Em quatro meses de Pontificado, pode nos fazer um pequeno balanço e dizer o que foi o pior e o melhor de ser Papa? O que mais o surpreendeu neste período?
Papa Francisco - Não sei como responder isso, de verdade. Coisas ruins, ruins, não aconteceram. Coisas belas, sim. Por exemplo, o encontro com os bispos italianos, que foi tão bonito. Como bispo da capital da Itália, me senti em casa com eles. Uma coisa dolorosa foi a visita a Lampedusa, me fez chorar. Mas me fez bem. Quando chegam estes barcos (com imigrantes), e que os deixam a algumas milhas de distância da costa e eles têm que chegar (à costa) sozinhos, isso me dói porque penso que estas pessoas são vítimas do sistema sócio-econômico mundial. Mas a coisa pior é um dor ciática, é verdade, tive isso no primeiro mês. É verdade! Para uma entrevista, tive que me acomodar numa poltrona e isso me fez mal, doía muito, não desejo isso a ninguém. O encontro com os seminaristas religiosos foi belíssimo. Também o encontro com os alunos do colégio jesuíta foi belíssimo. As pessoas…conheci tantas pessoas boas no Vaticano. Isso é verdade, eu faço justiça. Tantas pessoas boas, mas boas, boas, boas.
O senhor se assustou quando viu o informe sobre o Vatileaks?
Papa Francisco - Não. Vou contar uma anedota sobre o informe do Vatileaks. Quando fui ver o Papa Bento, ele disse: aqui está uma caixa com tudo o que disseram as testemunhas. Havia ainda um envelope com o resumo. E ele sabia tudo de memória. Mas não, não me assustei. São problemas grandes, mas não me assustei.
O sr. tem a esperança de que esta viagem ao Brasil contribua para trazer de volta os fiéis?
Papa Francisco - Uma viagem Papa sempre faz bem. E creio que a viagem ao Brasil fará bem, não apenas a presença do Papa. Esta Jornada da Juventude, eles (os brasileiros) se mobilizaram e vão ajudar muito a Igreja. Tantos fiéis que foram se sentem felizes (por terem ido). Acho que vai ser positivo não só pela viagem, mas pela Jornada, que foi um evento maravilhoso.
Os argentinos se perguntam: o sr. não sente falta de estar em Buenos Aires, pegar um ônibus?
Papa Francisco - Buenos Aires, sim, sinto falta. Mas é uma saudade serena.
Hoje os ortodoxos festejam mil anos do cristianismo. Seu comentário.
Papa Francisco - As igrejas ortodoxas conservaram a liturgia tão bem, no sentido da adoração. Eles louvam Deus, adoram Deus, cantam Deus. O tempo não conta. O centro é Deus e isso é uma riqueza. Luz é oriente. E o ocidente, luxo. O consumismo nos faz tão mal. Quando se lê Dostoievski, que acho que todos nós devemos ler, precisamos deste ar fresco do oriente, desta luz do oriente.
O que o senhor pretende fazer em relação ao monsenhor Ricca (acusado de ter amantes) e como o sr. pretende enfrentar toda esta questão do lobby gay?
Papa Francisco - Sobre monsenhor Ricca, fiz o que o direito canônico manda fazer, que é a investigação prévia. E nesta investigação, não tem nada do que o acusam. Não achamos nada. É a minha resposta. Mas eu gostaria de dizer outra coisa sobre isso. Vejo que muitas vezes na Igreja se busca os pecados de juventude, por exemplo. Abuso de menores é diferente. Mas, se uma pessoa, seja laica ou padre ou freira, pecou e esconde, o Senhor perdoa. Quando o senhor perdoa, o senhor esquece. E isso é importante para a nossa vida. Quando vamos confessar e nós dizemos que pecamos, o senhor esquece e nós não temos o direito de não esquecer. Isso é um perigo. O que é importante é uma teologia do pecado. Tantas vezes penso em São Pedro, que cometeu tantos pecados e venerava Cristo. E este pecador foi transformado em Papa. Neste caso, nós tivemos uma rápida investigação e não encontramos nada.
Vocês vêm muita coisa escrita sobre o gay lobby. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com uma carteira de identidade do Vaticano dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Acho que quando alguém se vê com uma pessoa assim deve distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e fazer um lobby gay, porque todos os lobbys não são bons. Isso é o que é ruim. Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, pra julgá-la? O catecismo da Igreja católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas devem ser integrados na sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby, o lobby dos avaros, o lobby dos políticos, tantos lobbys. Esse é o pior problema.

 

 

domingo, 28 de julho de 2013

DOMINGO NA PARÓQUIA N.S.GUIA COMEÇOU COM BATIZADOS E TERMINOU COM FESTA DOS JOVENS

 Manhã foi de batizados na Igreja

          D.Antônio(nosso Arcebispo) celebrou em nossa paróquia 1ª eucaristia e crisma de jovens e adultos
 A tarde Pe. Celebrou com o D.Antônio na matriz 1ª comunhão e crisma e Pe. Alessandre celebrou na comunidade São Miguel.

                        A noite o grupo de teatro e artes se encontra para festejar um ano de existência



NOTICIAS DA JMJ

Na Vigília com os jovens, Papa Francisco diz “Vamos jogar no time de Jesus!”
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DiscursoPapaVigilia
Na fria noite deste sábado, 27 de julho, diante dos mais de 3 milhões de peregrinos que participam da Vigília da JMJ, na praia de Copacabana, o Papa Francisco recordou a história de São Francisco de Assis, chamado por Deus para reconstruir a sua Igreja. “Chamado a colocar-se a serviço da Igreja, para que transparecesse nela a face de Cristo. Queridos jovens: o senhor precisa de nós! Também chama a cada um de nós a segui-lo em sua Igreja e a ser missionários. O Senhor, hoje, os chama. Chama a cada um de vocês, individualmente”.
O Santo Padre fez também uma leitura espiritual da mudança do local da realização da Vigília. “O verdadeiro campo da fé somos todos nós: somos eu e você! Quando aceitamos a Palavra do Senhor nos tornamos o verdadeiro Campus Fidei”. A seguir, a íntegra do discurso:
“Queridos jovens,
Acabamos recordar a história de São Francisco de Assis. Diante do Crucifixo, ele escuta a voz de Jesus que lhe diz: 'Francisco, vai e repara a minha casa'. E o jovem Francisco responde, com prontidão e generosidade, a esta chamada do Senhor: 'Repara a minha casa. Mas qual casa?' Aos poucos, ele percebe que não se tratava fazer de pedreiro para reparar um edifício feito de pedras, mas de dar a sua contribuição para a vida da Igreja; tratava-se de colocar-se ao serviço da Igreja, amando-a e trabalhando para que transparecesse nela sempre mais a Face de Cristo.
Também hoje o Senhor continua precisando de vocês, jovens, para a sua Igreja. Queridos jovens, o senhor precisa de vocês. Também hoje ele chama a cada um de vocês para segui-lo na sua Igreja, para serem missionários. Queridos jovens, o Senhor hoje nos chama. Não a todos e sim a cada um de vocês, individualmente. Escutem essa palavra nos seus corações, que fala a vocês.
Acredito que podemos aprender algo com o que aconteceu nos últimos dias. Tivemos que cancelar o evento em Guaratiba. Será que o Senhor não quer nos dizer que o verdadeiro campo da fé, não é um lugar geográfico, mas sim nós mesmos? Sim. É verdade, cada um de nós e de vocês. Eu e vocês todos aqui, somos discípulos missionários. O que quer dizer isso? Que nós somos o campo da fé de Deus.
Partindo do campo da fé, pensei em três imagens que podem nos ajudar a entender melhor o que significa ser um discípulo missionário: a primeira, o campo como lugar onde se semeia; a segunda, o campo como lugar de treinamento; e a terceira, o campo como canteiro de obras.
Primeiro: o campo como lugar onde se semeia. Todos conhecemos a parábola de Jesus sobre um semeador que saiu pelo campo. Algumas sementes caem à beira do caminho, em meio às pedras, no meio de espinhos e não conseguem se desenvolver; mas outras caem em terra boa e dão muito fruto (cf. Mt 13,1-9). O próprio Jesus explicou o sentido da parábola: a semente é a Palavra de Deus que é semeada nos nossos corações (cf. Mt 13,18-23). Hoje, de modo especial, Jesus está semeando, tornando-nos o campo da fé. Deus faz tudo, mas vocês têm que permitir que Ele trabalhe nesse crescimento. Jesus nos diz que as sementes, que caíram à beira do caminho, em meio às pedras e em meio aos espinhos não deram fruto. Qual terreno somos ou queremos ser? Escutamos o Senhor, mas na vida não muda nada, pois nos deixamos tumultuar por tantos apelos superficiais? E eu lhes pergunto: ‘sou um jovem atordoado ou um jovem com pedras no terreno? Terei eu o costume de jogar dos dois lados, ficar de bem com Deus e com o Diabo? Receber as sementes de Deus e manter os espinhos? Acolher Jesus com entusiasmo, mas ser inconstantes e diante das dificuldades não ter a coragem de ir contra a corrente; ou somos como o terreno com os espinhos?
Mas, hoje, tenho a certeza que a semente está caindo numa terra boa, ouvimos esses testemunhos. A pessoa diz que não é terra boa: 'sou cheio de espinhos, Santo Padre'. Mas mantenham sempre um pedacinho de terra boa. Eu sei que vocês querem ser terra boa. O cristão quer ser isso, um cristão de verdade, não cristãos de fachada, mas sim autênticos. Sei que querem ser cristãos autênticos. Tenho a certeza que vocês não querem viver na ilusão de uma liberdade que se deixe arrastar pelas modas e as conveniências do momento.
Sei que vocês apostam em algo grande, em escolhas definitivas que deem pleno sentido para a vida. É assim ou estou errado? Se é assim, façamos o seguinte. Todos em silêncio, olhando para dentro e cada um fale com Jesus que quer receber a semente. Olhe: 'Jesus, tenho pedras, tenho espinhos, mas tenho esse canto de boa terra'. Semeie. E em silêncio, permitem que Jesus plantem sua semente em boa terra. Cada um sabe o nome da semente que foi plantada agora. E Deus vai cuidar dela.
Segundo: o campo como lugar de treinamento. Jesus nos pede que o sigamos por toda a vida, pede que sejamos seus discípulos, que 'joguemos no seu time'. Acho que a maioria de vocês ama os esportes. E aqui no Brasil, como em outros países, o futebol é uma paixão nacional. Sim ou não? Pois bem, o que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar, e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do Senhor. São Paulo nos diz: 'Todo atleta se privam de tudo. Eles assim procedem, para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível!' (1Co 9, 25). Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Algo maior que a Copa do Mundo!
Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz e nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. É o que Jesus oferece. Mas ele nos cobra um ingresso. Jesus pede que treinemos para estar 'em forma', para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, dando testemunhos de fé. Como? Através do diálogo com Ele: a oração, que é diálogo diário com Deus que sempre nos escuta.
Agora vou perguntar. 'Eu rezo? Eu falo com Jesus ou tenho medo do silêncio?' Deixe que o Espírito Santo fale aos seus corações. Pergunte a Jesus: 'O que quer que eu faça? O que quer da minha vida?' Isso é treinar. Conversem com Jesus. E se cometerem um erro, um deslize, não temam. 'Jesus, olha o que eu fiz, o que faço agora?' Mas sempre fale com Jesus, nos bons e maus momentos, não tema. Assim vai se treinando o diáologo com Jesus. E também através dos sacramentos; através do amor fraterno, do saber escutar, do compreender, do perdoar, do acolher, do ajudar os demais, qualquer pessoa sem excluir nem marginalizar ninguém. Esses são os treinamentos: a oração, os sacramentos e o serviço ao próximo. Vamos repetir: oração, sacramentos e ajuda aos demais.
Terceiro: o campo como canteiro de obras. Como vemos aqui, como tudo isso foi construído. Os jovens caminharam e construíram juntos. Quando o nosso coração é uma terra boa que acolhe a Palavra de Deus, quando se 'sua a camisa' procurando viver como cristãos, nós experimentamos algo maravilhoso: nunca estamos sozinhos, fazemos parte de uma família de irmãos que percorrem o mesmo caminho; somos parte da Igreja, mais ainda, tornamo-nos construtores da Igreja e protagonistas da história. Fizeram assim como São Francisco: construir e reparar a Igreja.
Querem construir a Igreja? Estão animados? E amanhã vão se esquecer que disseram 'sim'? Todos somos parte da Igreja. Nos transformamos em construtores da Igreja e protagonistas da História. Sejam protagonistas, não fiquem na fila da História. Joguem sempre na linha de frente, no ataque! São Pedro nos diz que somos pedras vivas que formam um edifício espiritual (cf. 1Pe 2,5). E, olhando para este palco, vemos que ele tem a forma de uma igreja, construída com pedras, com tijolos. Na Igreja de Jesus, nós somos as pedras vivas, e Jesus nos pede que construamos a sua Igreja; cada um de nós somos uma pedrinha da construção. Se faltar essa pedrinha, quando chover, vai alagar tudo. E devemos construir uma grande Igreja. Não construir uma capelinha, onde cabe somente um grupinho de pessoas. Jesus nos pede que a sua Igreja viva seja tão grande que possa acolher toda a humanidade, que seja casa para todos! Ele diz a mim, a você, a cada um: 'Ide e fazei discípulos entre todas as nações'! Nesta noite, respondamos-lhe: Sim, também eu quero ser uma pedra viva; juntos queremos edificar a Igreja de Jesus!
Eu quero ir e ser construtor da Igreja de Cristo! Repitam isso. Agora é com vocês. 'Eu quero ir e ser construtor da Igreja de Cristo'. Quero que pensem nisso. No coração jovem de vocês, existe o desejo de construir um mundo melhor. Acompanhei atentamente as notícias a respeito de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens nas ruas querem ser protagonistas da mudança. Não deixam que outros sejam protagonistas, sejam vocês. Vocês têm o futuro nas mãos. Por vocês, é que o futuro chegará. Peço que vocês também sejam protagonistas, superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às questões políticas que se colocam em diversas questões do mundo. Envolvam-se num mundo melhor. Não sejam covardes, metam-se, saiam para a vida. Jesus não ficou preso dentro de um casulo. Saiam às ruas como fez Jesus.
Mas, fica a pergunta: por onde começar? A quem vamos pedir que se comece isso ou aquilo? Quando perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja, por onde começaríamos a mudar, e ela respondeu: você e eu! Ela tinha muita garra e sabia por onde começar. Repito as palavras de Madre Teresa: começamos por mim e por você. Faça essa mesma pergunta: se tenho que começar por mim mesmo, por onde devo começar? Abra seus corações para que Jesus lhes fale.
Queridos amigos, não se esqueçam: vocês são o campo da fé! Vocês são os atletas de Cristo! Vocês são os construtores de uma Igreja mais bela e de um mundo melhor. Elevemos o olhar para Nossa Senhora. Ela nos ajuda a seguir Jesus, nos dá o exemplo com o seu 'sim' a Deus: 'Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra' (Lc1,38). Também nós o dizemos a Deus, juntos com Maria: faça-se em mim segundo a Tua palavra.
Assim seja!"
Tradução e transcrição do discurso: G1

NOTICIAS DA JMJ

Papa convoca Igreja a reconquistar fiéis



Papa Francisco segura cruz no Rio de Janeiro
O Papa Francisco convocou a Igreja brasileira a reconquistar os fiéis que se tornaram evangélicos ou que abandonaram a religião, em um longo discurso pronunciado diante de cardeais e bispos do país.

"É preciso recuperar os que buscam respostas nos novos e difusos grupos religiosos e aqueles que já parecem viver sem Deus", disse o primeiro Papa latino-americano da História, convocando-os a buscar a simplicidade nos atos e palavras e o contato com o povo para frear a diminuição do número de fiéis.

"Precisamos de uma Igreja que saiba dialogar com aqueles discípulos que, fugindo de Jerusalém, vagam sem uma meta, com seu próprio desencanto", afirmou.

A Igreja católica perde espaço no Brasil há mais de três décadas. Os católicos representavam 64,6% da população em 2010, contra 91,8% em 1970.

Os evangélicos, por sua vez, não param de crescer, apoiados por seu habilidoso uso da televisão e das redes sociais, e por uma extensa rede de templos. Aumentaram de 5,2% da população em 1970 para 22,2% em 2010.

Em uma clara autocrítica, o Papa disse que, "talvez, a Igreja tenha se mostrado muito fraca, muito distante de suas necessidades, muito pobre para responder às suas preocupações, muito fria para com eles, muito autorreferencial, prisioneira de sua própria linguagem rígida".

"Talvez o mundo pareça ter convertido a Igreja em uma relíquia do passado, insuficiente para as novas questões; talvez a Igreja tivesse respostas para a infância do homem, mas não para sua idade adulta", disse.

"Doenças infantis"

Francisco, que defende "uma Igreja pobre e próxima dos pobres", também minimizou a Teologia da Libertação, que nasceu na região há mais de quatro décadas, e à qual se referiu - sem mencioná-la diretamente - como uma das "doenças infantis" que o Brasil superou.

"A Igreja brasileira recebeu e aplicou com originalidade o Concílio Vaticano II, e o caminho percorrido, embora tenha sido necessário superar algumas doenças infantis, levou, gradualmente, a uma Igreja mais madura, generosa e missionária", disse o Papa.

Para se referir a esta corrente teológica, o Papa usou uma expressão do líder revolucionário russo Vladimir Lenin, que, em 1920, publicou o livro "Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo".

O Brasil foi laboratório de diversas experiências após o Concílio Vaticano II, principalmente da Teologia da Libertação, que ressaltava a opção preferencial de Deus pelos pobres em uma das regiões com maiores desigualdades sociais do planeta.

O Vaticano, durante o pontificado de João Paulo II (1978-2005), acusou de marxista a Teologia da Libertação e puniu vários sacerdotes ligados à mesma, como o brasileiro Leonardo Boff.

Como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio criticou a Teologia da Libertação, embora se esperasse que, em sua viagem ao Brasil, fizesse algum gesto de reconciliação com esta corrente, mencionando, talvez, alguma de suas figuras históricas, como o falecido arcebispo de Recife e Olinda dom Helder Câmara.

O Papa também criticou a globalização, que leva a fraturas na família e a "tentativas frustradas de encontrar respostas na droga, no álcool, no sexo, convertidos em outras tantas prisões", mas destacou que ela também carrega "algo realmente positivo".

Francisco, assim como seu antecessor, Bento XVI, possui uma conta no site de microblogs Twitter, que atualiza regularmente.

O Papa pediu que cardeais e bispos não tenham medo de se envolver mais politicamente em temas como "educação, saúde e paz social", que são as "urgências do Brasil".

Seu discurso de seis páginas tem apenas duas linhas dedicadas às mulheres, e se limita a pedir que seu papel na Igreja não seja reduzido, mas que se promova "sua participação ativa na comunidade eclesiástica".

Francisco também convocou o fortalecimento do "rosto amazônico" da Igreja, e disse que é preciso não apenas enviar missionários à selva, mas consolidar a formação de um "clero autóctone".
AFP

NOTICIAS DA JMJ

Peregrinação dos jovens: 'fazer experiência mais profunda com Deus'



Rio de Janeiro, 28 jul (CNBB) - Kayo José Teles, 20 anos, vindo de Paraíso do Tocantins (TO), Paróquia São José Operário, Prelazia de Cristalândia era só alegria na manhã deste sábado, 27 de julho: “o objetivo dessa caminhada que vou fazer é ter uma experiência mais profunda com Deus e com os outros jovens”.

Hospedado numa casa de família em Copacabana, preparando-se para ir fazer o trajeto de 9,5 quilômetros desde a Central do Brasil ele acrescentou: “Fazer essa peregrinação, para mim, é realizar um esforço para experimentar o amor, a vontade de estar com Deus. Na verdade”.

No Rio desde, terça-feira, Kayo acompanha outros 210 jovens que vieram representando o estado do Tocantins na Jornada Mundial da Juventude e foram distribuídos em 5 bairros diferentes da cidade. Segundo informações do Comitê Local da Jornada Mundial da Juventude, a nova rota de peregrinação dos fiéis terá início na Central do Brasil até a Praia de Copacabana, na Zona Sul.

Os peregrinos farão o circuito sinalizado pela Central, seguindo pela Avenida Presidente Vargas, Avenida Rio Branco, Aterro do Flamengo, Enseada de Botafogo, Túnel Novo e Copacabana. Durante o percurso, os peregrinos inscritos poderão retirar o kit da Vigília, na altura do Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo.

A operação se iniciou à 0h deste sábado com o fechamento do Aterro do Flamengo para montagem de estruturas. Às 7h, todo percurso da caminhada já estará exclusivamente destinado à circulação de pedestres. Ao meio-dia, iniciam-se os bloqueios em Copacabana para a Vigília da JMJ, que acontecerá às 19h, com a presença do Papa Francisco.

A Vigília se estende até as 10h deste domingo, 28 de julho, quando o Pontífice realiza a Missa de Envio. Será permitido dormir na praia sem a utilização de barracas. Quem preferir, poderá retornar para as casas onde estão hospedados.
SIR

NOTICIAS DA JMJ

Papa pede que Igreja vá para as ruas e ajude os pobres



Pobreza preocupa o Papa Francisco
Por Philip Pullella

RIO DE JANEIRO - O papa Francisco pediu ao clero católico que deixe a zona de conforto e o isolamento para sair às ruas e servir os mais pobres e necessitados.
Em missa celebrada na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro para bispos, sacerdotes e religiosas, o papa ressaltou a importância de três aspectos da vocação: os chamados para Deus, chamados para anunciar o Evangelho e chamados a promover a cultura do encontro.
Francisco disse que o "permanecer" em Cristo não é se isolar, mas é um permanecer para ir ao encontro dos outros. O papa, lembrando a madre Teresa de Calcutá, disse que a vocação deve ser motivo de orgulho, pois dá a oportunidade de servir Cristo nos pobres.
"É nas favelas que nós devemos ir procurar e servir a Cristo", lembrou.
Na primeira missa celebrada na catedral, o papa fez um apelo aos bispos e sacerdotes, muitos no Rio para acompanhar jovens na Jornada Mundial da Juventude, que os ajudem a ser discípulos missionários também, e que saiam das paróquias para levar o Evangelho.
"Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta a fora para procurar e encontrar. Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados", disse.
Francisco voltou a criticar o que chamou da "cultura do descartável". "Às vezes parece que para alguns as relações humanas são regidas por dois ´dogmas ´ modernos: eficiência e pragmatismo."
O papa disse a bispos, sacerdotes e religiosos que não tenham medo de ir contra a corrente, que acolham a todos.
Desde sua eleição em março como o primeiro papa não-europeu em 1.300 anos, Francisco tem cobrado que os líderes da Igreja pensem menos em suas próprias carreiras na Igreja e ouçam mais o choro dos famintos, para preencher seus vazios material e espiritual.

NOTICIAS DA JMJ

O papa fala bem e não chateia ninguém

Francisco, que é poliglota, usa até gírias em suas falas, entrevistas e homilias


Por Deonísio da Silva*

Os padres letrados José de Anchieta e Manoel da Nóbrega eram jesuítas e aprenderam o Tupi-guarani para falar com os índios. O Papa Francisco, que também é jesuíta, aprendeu Português para falar com os brasileiros.

Entre tantas lições, o Papa mostrou que não é preciso baixar o nível para se aproximar do povo. Basta escolher as palavras adequadas ao contexto. Por exemplo, preferiu o popular botar, em vez de pôr, colocar. Em seu primeiro discurso, disse: “Cristo bota fé nos jovens, e os jovens botam fé em Cristo”.

Na quinta-feira, falando a mais de um milhão de pessoas na praia de Copacabana, recomendou: “Bote fé, bote esperança, bote amor”.

O Sumo Pontífice, que é poliglota, vem usando muitas gírias em suas falas, entrevistas e homilias na Jornada Mundial da Juventude.

Seu bom humor também já era esperado. No mês passado, comentando as semelhanças entre o Português e o Espanhol, disse de brincadeira: “o Português é um Espanhol mal falado”.

Suas falas no Brasil foram marcadas por expressões populares. Quando visitava a Favela da Varginha, em Manguinhos, nos arredores do Rio, disse: “Vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida. Como diz o ditado, sempre se pode ‘colocar mais água no feijão’”. E perguntou ao povo: “Se pode colocar mais água no feijão?”. Aplaudido, completou: “Sempre! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração”.

Disse também: “Queria bater em cada porta, dizer bom dia, beber um copo de água fresca, beber um cafezinho. Mas não um copo de cachaça!”. O Papa escolheu por metáfora “um copo de cachaça”, a bebida mais popular do Brasil.

Todavia não foi apenas pelas palavras e expressões que ele cativou o povo brasileiro. Sem conteúdo, as gírias e expressões seriam apenas enfeites de suas falas, que entretanto comoveram a muitos pela sinceridade do olhar, como quando disse: “Aprendi que para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso, permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês”.

Outro momento em que mexeu muito com as pessoas foi quando declarou: “Não tenho ouro, nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!”.

No mesmo instante, aqueles que aguardavam a visita do Papa apenas para fazer negócios, como Eike Batista, cuja fortuna passou de 46 bilhões para “apenas” 300 milhões em poucos dias, deixaram o recinto, segundo o tradicional humor dos cariocas, que também inventaram súbitos milagres do Papa: não foi assaltado na Linha Vermelha, mesmo com a janela do carro

aberta; fez o povo aplaudir um argentino; mesmo engarrafado no Rio, ninguém tentou vender-lhe nada; andou de saia em Copacabana à noite e não levou nenhuma cantada.

Esse Papa é uma boa pessoa. E o convívio com uma boa pessoa sempre nos faz bem!

*O artigo de Deonísio da Silva foi publicado no blog Feira Livre

NOTICIAS DA JMJ

Papa exortou os Voluntários a se rebelar contra a cultura do provisório



Rio de Janeiro (RV) RealAudioMP3 Na tarde deste domingo, por volta das 17h30min, antes de seguir para o Aeroporto do Galeão, o Papa Francisco encontrou os voluntários da Jornada Mundial da Juventude no Centro de Congressos ‘Rio Centro’. Foram cerca de 15 mil voluntários que trabalharam por dois anos na preparação da JMJ Rio 2013. Um encontro de forte emoção e alegria, em que os jovens gritava: "esta é a juventude do Papa".

Francisco dirigiu-se aos jovens, dizendo que não podia regressar a Roma “sem antes agradecer, de modo pessoal e afetuoso a cada um, pelo trabalho e dedicação com que acompanharam, ajudaram, serviram aos milhares de jovens peregrinos e pelos inúmeros pequenos detalhes que fizeram desta Jornada Mundial da Juventude uma experiência inesquecível de fé”. O Papa observou que, com os sorrisos de cada um, com a gentileza, com a disponibilidade ao serviço, “vocês provaram que "há maior alegria em dar do que em receber”.

O Papa disse que este trabalho de preparar o caminho para que outros possam encontrar Jesus - como fez João Batista -, “é o serviço mais bonito que se pode realizar como discípulo” e acrescentou: “sejam sempre generosos com Deus e com os demais. Não se perde nada; ao contrário, é grande a riqueza da vida que se recebe”

Após o Papa falou sobre o chamado e a resposta às diferentes vocações. Quando falou sobre aqueles que são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do matrimônio:

Há quem diga que hoje o casamento está “fora de moda”; na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, “para sempre”, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã”.

Então o Papa pediu aos jovens, para que sejam revolucionários, que andem contra a corrente: sim, nisto peço que se rebelem:

"que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir contra a corrente”. Tenham a coragem de ser felizes!

A seguir o Papa falou sobre a vocação ao sacerdócio, a que alguns são chamados a se doar ao Senhor de modo mais total, “para amar a todos com o coração do Bom Pastor”. “A outros – continuou - chama para servir os demais na vida religiosa: nos mosteiros, dedicando-se à oração pelo bem do mundo, nos vários setores do apostolado, gastando-se por todos, especialmente pelos mais necessitados”.

Nesse ponto, Francisco contou aos jovens que nunca se esquecerá do dia 21 de setembro, quando tinha 17 anos, quando após passar pela igreja de San José de Flores para se confessar, sentiu pela primeira vez que Deus o chamava. “Não tenham medo daquilo que Deus lhes pede – disse o Papa. Vale a pena dizer “sim” a Deus. N’Ele está a alegria”!

Àqueles jovens que talvez ainda não vejam com clareza o que fazer de sua vida, o Santo Padre aconselhou “a pedir isto ao Senhor, que Ele fará entender o caminho”, como fez o jovem Samuel, “que ouviu dentro de si a voz insistente do Senhor que o chamava, e não entendia, não sabia o que dizer, mas, com a ajuda do sacerdote Eli, no final respondeu àquela voz: Senhor, fala eu escuto. Peçam vocês também a Jesus: Senhor, o que quereis que eu faça, que caminho devo seguir?”.

Ao concluir, o Papa agradeceu novamente a todos os voluntários, às pastorais, novas comunidades e movimentos que colocaram seus membros à disposição, exortando-os a não esquecerem “tudo o que fizeram nestes dias, tudo o que viveram aqui”. E acrescentou: “Podem contar sempre com minhas orações, e sei que posso contar com as orações de vocês”.

Ao final, todos rezaram juntos uma Ave Maria. (JE)






Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/28/papa_exortou_os_voluntários_a_se_rebelar_contra_a_cultura_do/bra-714829
do site da Rádio Vaticano