quinta-feira, 25 de julho de 2013

NOTICIAS DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

Visita do papa suspende clima de protestos no Rio



Por Giacomo Galeazzi
Nessa terça-feira (23), segundo o programa oficial, deveria ser um dia inteiramente dedicado ao repouso de Francisco. Contudo, durante toda a manhã (segundo se aponta no séquito papal), o papa se reuniu, privadamente, com diferentes personalidades civis e eclesiásticas, e com conhecidos que não via desde a época do CELAM. Devido ao mau tempo, a entrega da medalha comemorativa da viagem foi realizada no centro diocesano em que o papa está hospedado, e o secretário de Estado pronunciou o seu discurso nesta sede, ao invés de fazê-lo no Cristo Redentor, no Corcovado (para onde estava programado). Nesta quinta-feira (25), o papa se reunirá com alguns mitos nacionais do esporte brasileiro, como o jogador Pelé.
Durante semanas, houve protestos pelas ruas do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras. Contra tudo e contra todos: o custo de vida, o financiamento público da Copa do Mundo e os gastos de organização com a própria Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Porém, quando Francisco pisou em solo brasileiro, a raiva se transformou em entusiasmo. Como o santo de Assis com o lobo de Gubbio, o único papa que escolheu o nome do pobrezinho de Assis acalmou a cidade “rebelde”, com a sua peregrinação da paz pelos lugares que foram símbolos do protesto contra o sistema. Ocorreu uma onda de participação popular tão intensa e arrasadora que, inclusive, bloqueou o “comboio” do Papa, razão pela qual as autoridades brasileiras tiveram que admitir que cometeram uma série de erros no sistema de segurança.
No entanto, o que não poderá ser eliminado no imaginário coletivo é a lembrança de uma recepção caótica, mas incrivelmente alegre. Em poucas horas, o clima emotivo do país, com o maior número de católicos do mundo, mudou radicalmente. Centenas de milhares de jovens invadiram, ontem à tarde, o centro para ver de perto ou para tocar no papa argentino, que acabava de chegar ao Brasil. O primeiro sucessor latino-americano de Pedro. Com um imprevisto único na sua forma, o Papa atolado no trânsito da cidade (sem deixar de sorrir e cumprimentar), apagou a atmosfera plúmbea das manifestações de protesto, das manifestações violentas nas ruas.
Claro, as razões dos “indignados” brasileiros não desapareceram, mas Bergoglio falou a esse respeito, tanto em sua conversa com os jornalistas, durante o voo para o Rio de Janeiro, como na cerimônia de acolhida no palácio de governo. Seja como for, a sensação que se vive no Rio de Janeiro é que Francisco conseguiu acalmar os ânimos com seu credível testemunho de “porta-voz” dos indigentes e de suas demandas. Assim, graças à JMJ do Brasil, de fato, vive-se uma espécie de “trégua” na ofensiva contra as autoridades por parte de milhares de grupos que vem se desenvolvendo desde junho. O “amor à primeira vista”, entre os peregrinos e Francisco, encontrou a melhor representação visual nas imagens do acidentado trajeto entre o aeroporto e o Palácio Guanabara.
Justamente na “Cinelândia”, área do centro da cidade e tradicional cenário dos protestos. A escada do “Teatro Municipal” foi invadida, não por manifestantes, mas por uma multidão de jovens, pessoas comuns e peregrinos. Toda a cidade era uma gama de bandeiras, sobretudo brasileiras, mas também argentinas, chilenas, mexicanas e de todos os países da América Latina. Foi justamente ali, no centro da cidade, onde os jovens da JMJ se concentraram. O ambiente se enriquece com a música, os cantos populares e os ritmos tradicionais do país. A chegada do papa Francisco ao Rio de Janeiro foi algo assim como um “carnaval religioso”, que continuará durante o resto da semana da JMJ. O primeiro "milagre" de Francisco foi o de pacificar uma enorme metrópole que há semanas parecia uma trincheira.
Vatican Insider, 23-07-2013.

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