FUNDAMENTOS
DO SER PRESBITERAL
Na
opção pela Vida Religiosa e Sacerdotal a configuração com Cristo advém de uma
graça especial: ser pobre, casto, humilde. O que vai alimentar essa graça
extraordinária é o dinamismo presente no íntimo que impulsiona nossa vontade e
ação. Esse dinamismo progressivo vai se dando no serviço redentor que salva e
dá vida nova.
A
consagração presbiteral a serviço da Igreja se dá na busca pela santidade como
homem que rejeita o perfeccionismo e busca a integração fruto do avanço e do
recuo, da ascese e da queda, das renúncias e das retomadas, a serviço da Igreja
e na pessoa da Igreja assumindo-a como seu corpo buscando amá-lo, respeitá-lo,
louvá-lo, assumi-lo. Na condição de que o sacerdote para a comunidade é ao
mesmo tempo pastor e paroquiano, pregador e ouvinte. A comunidade deve perceber
no sacerdote um superior e pastor e ao mesmo tempo um irmão e amigo, porque
também sujeito às experiências de fracasso e fraqueza e porque também é
limitado pelo sofrimento que toca a vida de todos.
O
presbítero é aquele que procura conhecer em profundidade a realidade dando
evasão ao mistério, olhando a realidade como ela é e não como o que ela tem
como utilidade. Se olho com gratuidade, respeito, eficácia, estou me abrindo ao
conhecimento sem limites numa ânsia de buscar e, portanto, não dou importância
a eficiência, produção, lucro, utilitarismo.
O
presbítero é o consagrado que zela pela unidade: “Permanecei em mim e eu em
vós”. (Jo15,4). Unidade no Corpo e Sangue vivificado de Cristo. A Igreja é
fortalecida pelo Paráclito divino por meio da santificação eucarística dos
fieis. Queres honrar o Corpo de Cristo? Honra-o dando pão a quem tem fome, água
a quem tem sede, roupa aos nus. Cada um de nós recebe Cristo e Cristo recebe
cada um de nós, intensificando a amizade. Compete aos pastores estimular pelo
testemunho pessoal o culto eucarístico: exposição do Santíssimo e visita ao
sacrário. O culto eucarístico é a 1ª das devoções. É bom demorar com Ele e
inclinando sobre o seu peito como o discípulo amado deixar-se tocar pelo amor
infinito de seu coração, experimentar os frutos da comunhão do Corpo e Sangue
do Senhor.
“In
persona Christi”: em nome de Cristo, nas vezes de Cristo é o que melhor se
identifica com o Sumo e Eterno Sacerdote. A eucaristia é o centro e o vértice
da vida da Igreja e do ministério sacerdotal. É a principal e central razão de
ser do sacerdócio que nasceu efetivamente no momento da Instituição da
Eucaristia juntamente com ela. É o centro e a raiz de toda a vida do
presbítero. Celebrar a eucaristia todos os dias para vencer a dispersão ao
longo do dia, encontrando no sacrifício eucarístico, energia espiritual
necessária para enfrentar as diversas pastorais. Assim, seus dias o tornarão
verdadeiramente eucarísticos.
O
sacerdote é, dentro da Igreja, sacramento do Cristo. A ação é dupla: sobre o
corpo eucarístico de Cristo e sobre o seu Corpo Místico(Igreja). Se trata de um
serviço como o do Bom Pastor. É preciso na caminhada, sobretudo, na das
dificuldades, cultivar, intensa e permanentemente, o exercício da presença de
Deus que continuamente chama.
O
sacerdote para este 3º milênio deve buscar a santidade na configuração com
Cristo no exercício do espírito das bem-aventuranças para se chegar ao objetivo
do Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas.
Pobres em Espírito: pobreza
é antes de tudo, mansidão, humildade, simplicidade. É uma total confiança em
Deus, um apoiar-se unicamente Nele. A pobreza é rejeição da auto-suficiência e
superação do medo e da ânsia pelo amanhã e responsabilidade pela busca dos
valores que ainda não estão em nós.
Mansos: A
mansidão é virtude dos fortes que sabem silenciar-se para escutar os outros com
paciência e amabilidade, interessando-se com sinceridade pelas suas
dificuldades na procura de compreendê-los. O sacerdote deve ser aquele que
acolhe a profundidade do ser do outro, sendo extremamente acolhedor, paciente,
manso, não deixando ser atropelado pelo muito fazer.
Aflitos: Aflitos
no sentido de ser sensíveis ao sofrimento alheio. O sacerdote deve ter cuidado
especial das ovelhas mais necessitadas de atenção.
Fome e sede de justiça:
O sacerdote é zeloso pelas coisas de Deus e exige que a vontade de Deus seja
respeitada. Ter um coração justo capaz de ir além das leis do mandamento, onde
a caridade é a plenitude da lei segundo Paulo. (Rm13,8)
Misericordiosos:
O sacramento da reconciliação compromete o sacerdote. Como lidar com os erros
das pessoas na comunidade.
Puros de coração:
pureza de coração significa sinceridade, mover-se sem máscaras, desinteressadamente.
A sinceridade total é uma luta contínua.
Promotores da Paz:
ser homens de paz e pacificadores. A paz que buscamos constrói-se no convívio,
na superação dos conflitos.
Perseguidos: São
os que procuram ser fieis, viver em profundidade sua vocação e com radicalidade
o seguimento de Jesus, sofrem oposições.
(Reflexão-retiro espiritual em
preparação para a minha ordenação sacerdotal em 2003). Pe.Sergio Augusto Faria
Vidal
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